Em dezembro de 2019, eu desembarcava em Orlando, Flórida, para aquele que seria talvez o melhor Natal de minha vida.
“E daí, Joseph?” – dirá algum leitor que amanheceu de ovo virado – “Que tenho eu contigo? Em que isso me interessa?”
Você tem razão, amigo leitor. Nada.
O que vem a seguir é só uma crônica saudosa, daquelas que escrevo em tom entre melancólico e pouco esperançado. Procure algo melhor para fazer. Mastigar uma lâmpada, por exemplo, como diz Stephen King em uma de suas novelas.
Então. Passei o Natal na Disney, como uma criança de 1,85m e quase 100kg. Pensem numa criança feliz. Não apenas por estar na Disney, mas também, e principalmente, por estar nos U.S.A.
Eu amo o Lar dos Bravos, a Terra dos Homens Livres, de uma forma inexplicável. Amo suas paisagens, seu clima, seus bichos. Estar lá me enche de uma paz e beatitude que não sinto em nenhum outro lugar.
Bobinhos e bobões podem dizer que eu amo a prosperidade americana, seu poderio econômico. É uma xaropada tão grande que nem carece de explicação, pois que há outras nações tão ou mais prósperas que os U.S.A. – e que não me despertam esse amor.
Amo tanto que não duvido, nem por um segundo, que a amo mais do que milhões de americanos legítimos – mas que não honram sua terra. Amo tanto quanto o mais empedernido redneck do Texas.
Curioso que foi um brasleiro, há 180 anos, que definiu da forma mais clara e pungente meu sentimento: Gonçalves Dias, na “Canção do Exílio”.
“Nosso céu tem mais estrelas
Nossas várzeas tem mais flores
Nossos bosques tem mais vida
Nossa vida mais amores
Em cismar sozinho a noite
Mais prazer encontro lá…”
Minha terra tem estrelas e listras em meu coração.
Professor e historiador como profissão – mas um cara que escreve com (o) paixão.