O piloto da Real Força Aérea Britânica, Francis Mellersh, aproveita uma pausa nas batalhas da 2a Guerra Mundial para cortar o cabelo, tendo ao fundo seu Spitfire.
Estamos em 1942. E eu, o viajante do tempo, vislumbro a cena, da minha fresta entre as eras. Sinto o cheiro de combustível de avião. Ouço o ruído dos motores. Vejo ao longe a silhueta dos caças se recortando contra o crepúsculo dourado europeu. É um mundo perigoso e violento, eu sei, um mundo de dúvidas e incertezas – mas é um mundo pujante, VIVO, pleno de orgulho de quem luta pela verdadeira LIBERDADE.
Gostaria de ir ao sr. Francis Mellersh, então com apenas 30 anos, e dizer-lhe que a guerra ainda duraria até 1945 – mas que ele sobreviveria a ela, e viveria até os 74 anos. Iria lhe dizer para permanecer firme e corajoso. Mas dizer a Francis Mellersh, e a outros homens e mulheres como ele, para permanecerem corajosos não seria apenas redundante: seria RIDÍCULO. Porque homens e mulheres que viveram aquele período eram forjados em metal sólido e tinham a coragem como alimento todos os dias.
No mundo opaco e tíbio no qual vivemos hoje, a pergunta que fica é: em qual curva da estrada nos permitimos deixar de ser assim?
Professor e historiador como profissão – mas um cara que escreve com (o) paixão.