

Estamos assistindo ao ocaso de uma era. E um de seus sinais é o desaparecimento das livrarias. Os gatos-mestres de sempre virão, brandindo sua sabedoria: falarão em má administração, concorrência desleal de grandes corporações, ganância de proprietários. Nada disso me importa.
O ocaso das livrarias, que desaparecem lentamente no horizonte, é um sinal. Um sinal de que os livros, e, por extensão, o saber por eles proporcionado, está também em extinção. Os gatos-mestres, de novo, falarão em “livros virtuais”. Não, obrigado.
Eu preciso de dedicatórias. De antigas anotações feitas por leitores que já partiram – mas que deixaram algo de sua essência no livro. Eu preciso do cheiro das páginas, evocando bibliotecas e sebos. Eu preciso dos ventos da História, trazendo de volta Alexandria e Smithsoniano. Eu preciso de cafés e encontros, de oásis, de florestas de páginas a desvendar.
Eu preciso de livros que não desliguem. Que não precisem ser carregados na tomada – e sim carregados nos braços.
Como a menininha carrega amorosamente o livro que tomou emprestado na biblioteca móvel de Cincinatti, em 1940.


Professor e historiador como profissão – mas um cara que escreve com (o) paixão.