

Havia um comício da Klan acontecendo – e os moradores se reuniram para mostrar que os participantes não eram bem vindos. Foi quando gritaram que havia um nazi infiltrado entre os moradores: um homem branco, meia-idade, com tatuagens suspeitas. A multidão partiu em seu encalço, derrubando-o e começando o linchamento.
Foi quando Keshia Thomas, uma adolescente de apenas 18 anos, correu e se lançou em cima do homem caído no chão – usando SEU PRÓPRIO CORPO para protegê-lo.
“Foi como se dois anjos tivessem me erguido – e me colocado sobre o homem que estava sendo linchado”, ela diria, depois.
Meses mais tarde, um jovem foi até ela em uma cafeteria e agradeceu: era o filho do homem que ela salvou.
Hoje Keshia vive em Houston, no Texas, e diz que não gosta de pensar que o seu ato em 1996 foi o melhor em sua vida, e que pequenos gestos de bondade e gentileza podem ser uma prática diária.
Penso que a atitude de Keshia não pode ser definida usando o mero clichê de uma lição a ser aprendida sobre empatia e humanidade – embora também seja, claro.
O ato de se lançar sobre um homem que estava sendo espancado por uma multidão, sem pensar um instante sequer em sua própria segurança, usando seu corpo como um escudo para aparar os golpes, provavelmente salvando sua vida e dos filhos que ele possuía, é um daqueles momentos que não apenas define uma existência.
É um gesto que fulgura em sua essência: essência formada pela combinação de bondade intrínseca e bravura extrema que, ao fim e ao cabo, nos constituem, não apenas humanos, mas partículas expressivas do Todo que forma a presença de D’us e nos leva de volta ao Eterno.
Anjos, lembram?


Professor e historiador como profissão – mas um cara que escreve com (o) paixão.