

Há meio século, quando era ainda apenas um sacerdote na Alemanha, então dividida em comunista e capitalista, o padre Joseph Ratzinger concluiu uma série de palestras, via rádio – e a conclusão acabou se tornando uma profecia.
Em linhas gerais, o futuro papa Bento XVI previu que a Igreja seria tão contaminada pelas ideologias revolucionárias que seus sacerdotes se tornariam meros instrumentos políticos.
Isso faria com que o cristianismo, tal como o conhecemos, praticamente desaparecesse – mas seria aí que um pequeno núcleo, imune ao pensamento revolucionário, manteria acesa a chama da verdadeira fé – e levaria essa igreja, purificada, fortalecida e renovada, para o futuro.
E agora, em sua recente biografia, o eterno papa diagnostica com precisão um dos males da modernidade globalista: a necessidade e a urgência, primeiro em solapar e, por fim, exterminar a igreja.
Bento XVI afirma que o maior perigo para a humanidade atual é a ditadura de ideologias aparentemente humanistas.
Só aparentemente, pois, quando governos, mídia, redes sociais, enfim, o conglomerado ideológico contemporâneo unido, segrega aqueles que divergem desse autêntico “credo pós-moderno”, pratica, na verdade, uma forma de excomunhão social.
Se, na Idade Média, ser excomungado pela igreja equivalia a ser posto à margem da sociedade da época, o mesmo acontece hoje, quando a nova “religião” globalista “excomunga” quem ousa pensar de forma diferente.
Ao ver o que Joseph Ratzinger profetizou, há meio século, e observar sua leitura clara e coerente do mundo atual, a conclusão é uma só:
Habemus papam – ainda que eles não queiram.
Salve Bento!


Professor e historiador como profissão – mas um cara que escreve com (o) paixão.