Eu sou só um cara do século passado, quando as coisas eram mais simples.
É uma sensação curiosa e melancólica perceber que, mesmo em meio à abundância material extrema, a humanidade parece viver seu período de maior decadência, ao menos no que tange a cultura.
É claro que o homem idealiza o seu passado, tornando-o, ainda que tenha sido um lixo ou no máximo mediano, uma época de ouro em sua vida. É preciso cuidado. Isso pode trazer, junto com o amadurecimento, a ranhetice, o mau humor, o saudosismo extremo.
Mas não há saudosismo, ranhetice ou mau humor que descrevam o que sinto quando ouço/vejo/leio o que andam cantando, escrevendo ou interpretando por aí.
A verdade é que os dias de hoje apresentam-nos um desafio: entre dilacerar-se diante da contradição do que um dia fomos e o que parece que talvez inevitavelmente seremos. Se nada fizermos.
Perdoem-me.
Eu sou só um cara do século passado, quando as coisas eram mais simples.
Simples, normalmente belas e algumas vezes perfeitas – como Audrey Hepburn assando um bolo.
Professor e historiador como profissão – mas um cara que escreve com (o) paixão.