2 de maio de 2024
Colunistas Joseph Agamol

A “minha” tabela do medo

foto: Joseph Agamol

Eu tenho medo de descobrir que aquele velhinho que fica sentado na porta de casa todos os dias, cumprimentando os passantes, conhecidos ou desconhecidos, não está mais lá.

Tenho medo de que, um dia, não existam mais livros nem livrarias. Nem pipoqueiros na esquina. Nem filas de crianças para comprar pipoca.

Eu tenho medo de não tentar sequer compreender a origem das dores do outro.

Medo daquela dorzinha no joelho me impedir de correr livre.

Eu tenho medo de que as pessoas não se lembrem mais do que é se indignar com a injustiça.

Eu tenho medo de ditaduras? Não. Tenho nojo, de ditaduras e ditadores. Como quem tem nojo de barata. É isso que eles merecem.

Tenho medo de descobrir que aquele canteiro de margaridas sumiu. E as borboletas junto.

Baita medo de ver o chefe chegando, às 17:55h de uma sexta-feira, trazendo um montão de pizza.

Eu tenho medo que as pessoas esqueçam Johnny Cash, Elvis, Leonard Cohen e os Beatles.

Medão de chegar na padaria e descobrir que meu lugar favorito está ocupado, o café está frio e não tem bolo-indiano.

E eu tenho medo, muito medo, de que as pessoas tenham medo de pensar com e em liberdade.

E de que as pessoas um dia simplesmente esqueçam o que ela é.

Joseph Agamol

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

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