2 de maio de 2024
Colunistas Joseph Agamol

A marginalização da virilidade

Foto: Vittorio Pavan

Hoje fui tomar um café na padaria e, na mesa ao lado da minha, um bando gárrulo de moças, talvez com seus 18 ou 19 anos.

Estavam todas com seus celulares e pareciam se divertir muito com o que assistiam: youtubers, com certeza. Eu já estava ouvindo, claro, porque o volume exagerado permitia: eram vozes aflautadas e esganiçadas, parecendo narrar uma espécie de competição virtual.

Uma das moças virou a tela para mim e aí sim eu fui surpreendido novamente, como diria aquele meme: eram youtubers HOMENS, apesar das vozes e cabelos coloridos em tons, talvez, de fúcsia e grená.

Os rostos eram delicados como de meninas e, embora com certeza já estivessem próximos dos 30 anos, não possuíam quaisquer vestígios de barba: não como se tivessem acabado de sair do barbeiro, não, mas como se NUNCA TIVESSEM desenvolvido pêlos faciais.

Fiquei matutando. É claro que os tempos mudam, os padrões de beleza também, mas não consigo deixar de achar estranho essa emasculação da atração masculina. Não é apenas mudança de tempos e valores, com os novos convivendo pacificamente com os anteriores.

É mais como uma espécie de caçada, de marginalização de tudo que o homem até meados do século 20 foi, e de todos os valores que ele representou: força, potência, masculinidade – virilidade, enfim.

Enquanto isso, em 1963, Paul Newman contempla, com ar melancólico, quase como se adivinhasse que homens como ele em breve entrariam em extinção, as tranquilas águas do Mediterrâneo italiano.

Joseph Agamol

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

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