29 de abril de 2024
Colunistas Joseph Agamol

A Humanidade involuiu. Regrediu. E essa canção é a prova disso

Estou há alguns dias ouvindo-a, em um loop contínuo. Talvez pelo momento que estou atravessando, talvez pelos 60 anos se aproximando. Sei lá. O fato é que, volta e meia, ao longo do dia ou da noite, me pego ouvindo, cantando ou assoviando “Whiter Shade of Pale”, do grupo britânico Procol Harum.

A letra da canção é onírica e misteriosa. Os membros da banda e o letrista, Keith Reid, deram várias declarações à respeito – mas ninguém chega a uma conclusão. É um sonho? Um amor mal resolvido? Uma viagem no tempo? Pode ser tudo isso – e o que mais se desejar. Na letra podemos encontrar Shakespeare e John Milton, mitologia celta e elementos evidentemente sobrenaturais. Até hoje tenta-se elucidar essas questões.

A melodia da canção, principalmente o solo no órgão Hammond, é baseada na Ária da Corda Sol, de Johann Sebastian Bach.

Sim, amigos e vizinhos. Já tivemos letras de canções que falam de algo além de sentar, chupar e afins. E já tivemos melodias baseadas em obras eruditas. E isso tocava nas rádios, vendia discos, enchia shows. E – o mais importante – fincava raízes no substrato emocional de quem ouvia. Formava uma herança. Um legado. Um patrimônio intangível, imaterial, riquíssimo.

Já hoje, parece que presenciamos, dia após dia, o quão dramático e acelerado é o caminho de degradação que percorremos, no que parece uma desesperada busca da humanidade pelo abandono de tudo que foi bom, belo e justo produzido por nossos pais e avós.

A seguir, deixo o que considero a versão definitiva da canção, com o vocalista e pianista Gary Brooker – que nos deixou ano passado – apresentando-a ao vivo com coro e orquestra.

No segundo a versão original da banda.

No terceiro, um belíssimo cover acústico, com voz e violão.

Assistam, se puderem.

Joseph Agamol

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

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