

Bolsonaro lançou hoje uma medida provisória polêmica. Ela isenta funcionários públicos de erros cometidos durante a pandemia de coronavírus, exceto aqueles erros grosseiros e dolosos.
Não quis comentá-la pela manhã.
Precisava estudar o seu texto. Meu palpite é de que é inconstitucional. Vai dar margem a uma arrastada luta jurídica.
Minha intuição estava certa. Ministros do STF já disseram que dificilmente não será rejeitada. O presidente do Tribunal de Contas disse que era um perigo pois estimulava os mal intencionados em tempo de pandemia e desanimava os bons gestores.
Como não sou especialista, preciso de um tempo para avaliar. Hoje participei de uma entrevista com o governador da Bahia.
Sou muito interessado nessa história de paciente zero, na gênese da epidemia em cada região, Wuhan, Lombardia, França, enfim todos os lugares onde se discute o assunto.
Perguntei por aquele casamento em Itacaré que marcou alguns dos primeiros casos no Brasil. Envolvia a irmã de uma conhecida influenciadora digital, a mesma que mais tarde, depois de curada, deu uma festa polêmica.
Até que ponto aquele festa não foi um estopim para a expansão do coronavírus na Bahia?
Como fiz três perguntas numa só, ele saltou essa, respondendo apenas sobre o impacto da pandemia no turismo, grande fonte de renda da Bahia.
Li que estão pesquisando um anticorpo que pode neutralizar o coronavírus. Ele existe nas lhamas.
É um minúsculo anticorpo que pode ser reproduzido em laboratório. As primeiras pesquisas são animadoras.
Vi lhamas no Peru, uma delas na rua, conduzida por um homem. É da família dos camelos, portanto um camelídio. Mais uma esperança, embora nada que se possa contar a curto prazo.
O sol continua meio em quarentena. Espero que não decretem o seu lockdown. Estou estudando dois caminhos para retomar o ciclismo. Um deles é aquele suporte que nos permite ciclar em casa; o outro é dar voltas no play do prédio. Vou ficar meio tonto no final das contas, mas cansei de apenas caminhar dentro de casa. Cheguei a fazer cinco quilômetros mas, sinceramente, é muito chato.
Hoje escrevi um artigo para o Globo. Completo minha reflexão da semana, iniciada no Estado de São Paulo no artigo que sai na sexta, 15. No Estadão falo de temas mais gerais e já o mencionei porque era preparatório para um diálogo com o embaixador Marcos Azambuja.
No artigo do Globo falo sobre gente em tempos sombrios. Minha experiência examinando como as pessoas sobrevivem em tempos difíceis. Menciono o caso de dois asilados albaneses chegando na Itália e alguns intelectuais cubanos. Falo do livro que deu origem ao título, Homens em Tempos Sombrios, de Hannah Arendt.
Enfim foi uma semana bastante produtiva porque termina amanhã com um debate com especialistas em saúde. Nele não serei debatedor, apenas comentarista.
Trata do futuro pós covid-19.
Ainda bem que meu papel é secundário: não consigo imaginar o futuro sem ver o fim da epidemia com vacina ou remédio eficaz.
O Redemsevir, produzido pela Gilead, foi liberado para Índia e Paquistão para que produzam genéricos. O Brasil ficou fora da lista. Fala-se bem dele nos EUA, mas pelo que li, também não pode ser considerado uma bala de prata.
Amanhã recomeço. Sexta é dia de feira em Ipanema. Nunca mais pude ir lá, na Praça Nossa Senhora da Paz, experimentar a melancia, que anda meio aguada, rir um pouco na barraca de frutas e seguir para um mergulho. O mergulho, que saudade.
Mas tudo passa, o corona também.
Fonte: Blog do Gabeira