Bolsonaro vetou parte da lei que protege comunidades indígenas e quilombolas durante a pandemia.
Ele suprimiu os artigos que preveem entrega de material de higiene, fornecimento de água potável, abertura de leitos emergenciais e material informativo sobre a Covid19 nas aldeias.
Bolsonaro, por si próprio, não reconheceria a lei. Ele acha que índios e quilombolas não têm direito à singularidade.
Sua visão se assemelha à de Weintraub que declarou naquela reunião de 22 de abril: tenho ódio à expressão povos indígenas.
Acontece que os direitos dos índios são garantidos pela Constituição de 88, inclusive de forma inequívoca no artigo 231
Artigo 2 “São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
Enquanto isso não for mudado, um presidente precisa respeitar pois afinal é esse seu juramento ao tomar posse.
Bolsonaro argumenta que não há dinheiro para cumprir a lei, por isso a vetou. Acontece que foi aprovado um Orçamento de Guerra para fazer frente precisamente à pandemia.
Cerca de 12 mil índios já foram contaminados. Morreram 450. Nessas culturas orais, quando morrer um mais velho é como se uma biblioteca fosse incendiada. Perde-se a experiência.
O Ministro Barroso determinou uma série de medidas que devem ser tomadas pelo governo para proteger os índios. Pede um plano para enfrentar a pandemia entre eles. O problema é que o governo não tem plano nem para enfrentar a pandemia entre seus eleitores
Bolsonaro não usava máscara e constrangia os funcionários a não usá-la sob o argumento de que máscara é coisa de viado.
Posso escrever centenas de páginas sobre isso. Sempre achei que a questão sexual tem um grande peso na história, embora timidamente sempre reconheço a importância dos fatores materiais.
Na próprio biologia, Darwin é insuperável ao descrever a sobrevivência das espécies. Mas há coisa que só a força do acasalamento explica.
O pavor de parecer viado persegue Bolsonaro e coloca em risco sua própria vida e a vida dos que interagem com ele.
Vou preparar um artigo sobre isso. Esse apego doentio à masculinidade, essa convivência intima com as armas, pode ser apenas uma atitude clássica da extrema direita.
Mas há muitos indícios de sua presença na revolução cubana e seus grandes nomes. Vale a pena quem estiver interessado nisso ver um filme chamado O Beijo da Mulher Aranha, feito pelo cineasta Hector Babenco, que viveu no Brasil. O filme é inspirado no livro de outro argentino que tive a sorte de conhecer porque frequentávamos a mesma editor: Manuel Puig.
Dias bonitos de inverno. Tenho saído, fotografado a beleza das manhãs e algumas cenas tristes da crise social. Hoje publiquei uma foto de uma moradora de rua dormindo diante de uma vitrine de manequins nus. Um leitor disse que gostou da foto mas não gostou do conteúdo. Também não gosto do conteúdo mas já o documento há muitos anos no meu bairro. Alguns desses moradores de rua não deixaram nenhum rastro, exceto as fotos que fiz em diferentes momentos de sua vida.
Fonte: Blog do Gabeira