13 de outubro de 2024
Colunistas Erika Bento

Uma lição ainda a ser aprendida

                                     MERS virus, Meadle-East Respiratory Syndrome coronovirus, 3D illustration

Às vezes (muito frequentemente eu diria), surpreendo-me pensando no futuro. Não é algo muito produtivo de se fazer, pois ninguém sabe o que nos espera lá na frente, mas mesmo assim posso ficar horas alimentando as fantasias de um futuro magnífico. Principalmente, em tempos como este em que estamos vivendo, quando uma ameaça, tão insignificante em tamanho, tem colocado de joelhos nações inteiras.
“Como posso pensar em um futuro magnífico durante uma crise como esta?”, você pode estar se perguntando. Pois bem, caríssimos amigos d’O Boletim, eu repito: principalmente agora devemos pensar no futuro. Devemos pensar em que mundo vamos querer viver daqui pra frente.
Tolo será aquele que, ao final deste período, voltar à vida normal. O mundo inteiro está com a atenção centrada em um único ponto e suas variantes: como parar o vírus, como prevenir o vírus, como curar o vírus? Mas penso, entre muitas coisas, em como conviver com o vírus. Vocês já pensaram nisso?
O COVID-19 está aí, está aqui, lá e acolá e assim será por muito tempo. Anos, séculos, para sempre? Não sei e ninguém sabe. Por isso , vamos ter que aprender a conviver com ele assim como aprendemos com tantos outros. E põe outros nisso!
Sabemos que existem milhões de bactérias no nosso planeta. Pois bem. Estima-se que haja dez vírus para cada bactéria no mundo. Façam as contas e pasmem. Muitos são altamente letais como HIV, Hantavirus, Ebola entre outros. Quando surgiram, causaram pânico por desinformação.
Hoje, estes mesmos vírus fazem parte de uma realidade um pouco menos assustadora, graças ao avanço da medicina e das inúmeras descobertas sobre eles. E assim será com o COVID-19. Não há consolo para aqueles que perdem seus entes queridos para qualquer doença, mas podemos fazer destas perdas uma lição, ou tudo terá sido em vão.
Aqui, na Inglaterra, mesmo com o Príncipe Charles e o Primeiro Ministro Boris Johnson infectados pelo COVID-19, ainda temos a liberdade de sair algumas vezes por dia de casa seja a trabalho (se não puder trabalhar em casa e esteja ligado à prestação de serviço essencial), para comprar alimentos, ir à farmácia e fazer uma atividade física ao ar livre por dia.
Estranhos têm que manter distância de dois metros em qualquer lugar. E assim tem que ser. Com calma e atenção, sem histeria e com responsabilidade.
A maioria do comércio está fechada incluindo bares, restaurantes e cinemas. O governo já disse que vai bancar 80% do salário dos que forem atingidos pelo fechamento do comércio. Uma segurança para o empregador e empregado, mas, mesmo assim, os efeitos do coronavírus vão ser sentidos em todos os setores da economia que vai repensar a dependência do mercado estrangeiro, a produção interna e a relevância da tecnologia que tem, literalmente, segurado as pontas de empresas gigantes que expandiram o home office da noite para o dia. O mais relevante, porém, ao meu ver, vai ser a mudança no comportamento social.
Vejo pelo exemplo aqui em casa. Minha filha vai fazer 15 anos e, apesar da idade, adora ficar em casa. Agora, com o pseudo confinamento, sai todo final da tarde para caminhar e correr comigo. E faz com prazer. Ela me diz que não sabe se esta pouca liberdade lhe vai ser tirada então ela quer vivê-la o máximo que puder.
As pessoas se afastam umas das outras nas ruas e agradecem pela consideração!
No trabalho, a minha equipe de cerca de vinte pessoas mal se encontrava para uma conversa informal. O papo corria com o colega da cadeira do lado ou, no máximo, na máquina de café. Hoje, graças à tecnologia, como estamos todos trabalhando remoto, fazemos reuniões virtuais duas vezes por dia e o astral está surpreendente positivo! Fazemos até charadas e competições em videochamada. Exibimos nossos parentes e objetos pessoais nas câmeras e sinto que estamos mais próximos do que antes.
Tem sido necessário uma pausa no mundo, na correria e nas distrações para que olhássemos uns para os outros, para que apreciássemos o direito de ir e vir, para que aflorasse a gratidão por profissionais da limpeza, do transporte, da educação (aqui, escolas estão abertas para acomodar os filhos de pais que trabalham na linha de frente como bombeiros, funcionários da saúde e prestadores de serviços essenciais), para que comunicássemos mais uns com os outros e apreciássemos a simplicidade.
Por favor, não passe por esta lição sem se tornar uma versão melhor de si mesmo. Lições foram feitas para ser aprendidas.
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