16 de outubro de 2024
Adriano de Aquino

A “loucura da sinceridade”

Pra mim, esse termo define a literatura do Albert Camus, um pobre argelino que se tornou o mais afiado escritor e pensador sobre o ‘absurdo da vida’ que pautou o existencialismo, uma corrente filosófica literária que atribuem à Sartre seu maior representante.

Camus é um personagem brilhante, potente e original da literatura que, apesar da sua procedência – a Argélia – era então uma colônia francesa e, como é comum às metrópoles, a produção intelectual e artística locais eram subestimadas.

Editado na França, Camus se tornou próximo de intelectuais do seu tempo. Foi amigo de Sartre que com ele rompeu a amizade quando em 1952, antes de muitos pensadores da sua época, Camus escreveu um texto crítico contundente contra o marxismo leninista, do qual o francês era devoto.

Sartre, priorizava a ideia de revolução e, para ele, o leninismo era seu apogeu.

Porém, Camus, rompeu com o Partido Comunista Francês e contestava a ‘ideia’ de revolução.

Ele a via apenas como uma virada na qual os oprimidos se tornavam os novos opressores.

Dizem que o mi-mi-mi ideológico de Sartre só foi revisto após a morte de Camus.

A frase título deste post é uma síntese perfeita no plano existencial, de uma atitude sincera, não submissa aos códigos dominantes entre as elites.

Num certo sentido, é uma posição que remete a Vitor Hugo, naquilo que descreveu no campo coletivo como bravura indomável dos miseráveis na luta secular pela humanização.

Adriano de Aquino

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

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