Há algumas canções que não só fazem parte de um hipotético patrimônio cultural intangível da humanidade como também nos conectam a regiões profundas e normalmente inacessíveis de nós mesmos. “The House of the Rising Sun” é uma delas.
A primeira vez que a ouvi foi em meados dos anos 70, na versão provavelmente mais famosa, da banda inglesa The Animals.
O vocalista do grupo, Eric Burdon, tinha apenas 23 anos quando cantou seus versos sombrios. O guri que eu fui se encantou, primeiro pelos arpejos e dedilhados da guitarra na introdução, depois pelo clima onírico da música.
A canção é um mistério completo. Ninguém sabe quem a compôs. Historiadores acreditam que a melodia possa ser datada de meados do século 17, através de algumas baladas do folclore inglês, embora sua primeira versão reconhecida date de 1933, através de Tom Clarence Ashley e Gwen Foster. Quando perguntaram a Tom como ele conheceu a música, ele disse que “era algo muito antigo para que ele quisesse falar a respeito”.
(Não sei quanto a vocês, mas essa declaração me deixa arrepiado – e não é um arrepio bom)
Ninguém sabe se “A Casa do Sol Nascente” é um lugar real. Seria uma prisão, um prostíbulo, um cassino? Ou seria apenas uma metáfora para os vícios e pecados que arrastam os seres humanos à ruina? A única coisa da qual tenho certeza sobre “The House of the Rising Sun” é…
Espero nunca encontrá-la.
Que droga, eu não desejo sequer vê-la ao longe.
P.S: deixo algumas das versões da canção. Desde The Animals a Bob Dylan, passando por uma menina de 13 anos em um reality show e – minha preferida – a versão de uma cantora chamada Lauren O’Connel)
Professor e historiador como profissão – mas um cara que escreve com (o) paixão.