26 de abril de 2024
Colunistas Priscila Chapaval

Os bombeiros do incêndio do Edifício Joelma


Meu dia com os Bombeiros no incêndio do Edifício Joelma. Só tenho que elogiar essa corporação! Obrigado por tudo. Vocês salvam vidas!
Hoje cedo, caminhando de volta para casa, vi um bombeiro parado num posto de gasolina tomando um café.
Cheguei até ele e o cumprimentei. Disse que eu admirava muito essa corporação onde homens e mulheres são tão mal remunerados pelo trabalho de salvar vidas em situações de emergências. Ele ficou feliz pelo reconhecimento.
Passou um filme na minha cabeça. Era uma manhã, dia 1 de fevereiro de 1974 e estava indo trabalhar na Rua 24 de Maio onde ficava a sucursal da Bloch Editores. Nesse dia fui com o carro do meu pai, e no caminho escutei no rádio que estava tendo um incêndio enorme na 9 de Julho e pediam por voluntários para ajudar, sendo o Hospital das Clinicas um dos pontos para se dirigir.
Como estava ao lado, estacionei o carro e dirigi para um dos portões. Vi uma enfermeira às pressas carregando uma lata enorme que continha pomada para queimaduras. Unguento Picrato de Butezim. Amarelo! Me apresentei como voluntária e ela me entregou a lata, me deu um avental rosa enorme e pediu para eu subir numa viatura da Policia.
Me recordo que descemos a rua da Consolação na contra-mão. Com a sirene ligada e na maior pressa. Chegamos no edifício Joelma e fui encaminhada para um ônibus da Colsan onde eu ficaria.
Lá pessoas iam doar, sangue. Lá traziam pessoas que estavam dentro do prédio incendiado, sufocadas, e os médicos faziam traqueostomia.
Eu passava pomada nos queimados e no rosto dos bombeiros. Naquela época não havia máscaras com oxigênio. Muitas vezes os bombeiros exaustos iam até o ônibus me pediam um copo de leite para aliviar do sufoco. Vi vários chorando. Sentavam no chão e choravam. Logo se recompunham e voltavam para lá. Apagar o fogo!
Lá pelas tantas fui convocada pelos bombeiros para irmos no laboratório Laffi que doou várias caixas de ansiolítico para os familiares das vitimas. Chegavam lá aos prantos, desesperados.
Eu colocava o comprimido na boca e dava um copo d’água para que se acalmassem um pouco. Essa era outra função minha.
Dar um pouco de solidariedade numa hora tão terrível. Fiquei lá ate o anoitecer. Voltei para o HC onde peguei o carro e voltei para a casa dos meus pais onde morava.
Quando cheguei, vi a casa toda iluminada, a porta aberta e muita gente. Esqueci que era o dia do meu aniversário! Minha mãe tinha organizado uma festa para mim. Amigas, primas, familia!
Cumprimentei todos e subi para tomar um banho e me trocar.
Dei uma descansadinha no quarto porque estava acabada! E dormi.
Só me lembro que acordei no dia seguinte com a toalha enrolada, e tentando lembrar se tinha sido um sonho ou tinha mesmo acontecido.
Quando vi o uniforme cor de rosa na cama que tinha usado o dia todo, vi que não tinha sido um sonho.
Desde então o meu respeito pelos Bombeiros é enorme. Eu paro. cumprimento, puxo um papo.
Ah…a corporação da rua Domingos de Morais tem o Museu do Bombeiro. Espetacular e vale a pena levarem seus filhos para conhecer.
Fotos abaixo para ilustrar:






Priscila Chapaval

Jornalista... amo publicar colunas sobre meu dia a dia...

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