Bolsonaro e Jefferson, amigos para sempre.
Em entrevista ao Metrópoles, Bolsonaro mudou sua forma de referir-se ao ex-deputado Roberto Jefferson (PT), seu camarada, amigo, a quem deve tantos favores, e vice-versa.
No domingo à noite, depois de ter freado por oito horas a prisão de Jefferson determinada pela justiça, Bolsonaro, em uma live, chamou-o simplesmente de “bandido”.
Até Cristiane Brasil, filha de Jefferson, compreendeu a atitude de Bolsonaro. Ela disse que o presidente tentava debelar uma crise em sua campanha e que por isso tratou seu pai assim.
Ontem, ao Metrópoles, Bolsonaro baixou a bola e falou que Jefferson cometeu “uma besteira”. Qual seja: a de atirar 50 vezes de fuzil em agentes federais, ferindo dois deles.
Uma besteira. Por besteira entenda-se o que Jefferson declarou sobre a ministra Carmen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, e que resultou na sua prisão. Comparou-a a “uma puta arrombada”.
Bolsonaro e Jefferson são amigos há mais de 30 anos desde que descobriram que uma mão poderia lavar a outra. Comungavam as mesmas ideias, e o PTB de Jefferson era o PTB de Bolsonaro.
Eduardo Bolsonaro tinha 18 anos de idade, e três dias de aprovado para cursar Direito da Universidade Federal do Rio, quando foi nomeado para um cargo na liderança do PTB na Câmara.
Bolsonaro era deputado federal do PTB, e Jefferson, o líder do partido. Por 1 ano e 4 meses, o calouro de Direito ocupou um cargo que pagava o equivalente a R$ 9,8 mil por mês, em valores atuais.
Uma grana para que Eduardo continuasse morando e estudando no Rio, a 1.100 quilômetros de Brasília. Já era um ensaio do esquema da rachadinha que faria a fortuna dos Bolsonaro
Jefferson e Bolsonaro nunca mais se separaram. “Quem beija a boca de um filho meu a minha adoça”, ensinava Antonio Carlos Magalhães que na época da ditadura militar mandou na Bahia.
Bolsonaro aprendeu cedo a lição.
Fonte: Blog do Noblat https://www.facebook.com/BlogdoNoblat
Jornalista, atualmente colunista de O Globo e do Estadão.