Hoje, em conversa com um amigo, lembrei da revista MAD. Foi publicada por mais de 60 anos, nos Estados Unidos, até deixar de ser vendida em bancas, em 2018.
Durou até muito. O humor da MAD, ao mesmo tempo rude e refinado, não poderia sobreviver no afetado e lamuriento mundo contemporâneo. Seus desenhistas e redatores seriam ”cancelados” todas as semanas. O que surpreende é isso: o “cancelamento” metafórico e o cancelamento real não terem acontecido antes.
Meu primeiro contato com a revista foi nos anos 70, quando começou a ser publicada no Brasil, usando apenas material americano traduzido. Nenhum problema: as gags quase sempre geniais do quase sempre brilhante time de redatores e artistas da revista eram universais e superavam quaisquer barreiras culturais.
Nomes como Al Jaffee, Don Martin, Aragonês, Antonio Prohias e Dave Berg, cada um em seus respectivos estilos de humor, influenciaram gerações de cartunistas e redatores no Brasil e no mundo. Meus preferidos eram Don Martin e Al Jaffee, que criou a série “Respostas Cretinas para Perguntas Imbecis”. Aliás, Jaffee está vivo até hoje, com seus 102 anos.
A MAD saiu de cena, discretamente, assim como surgiu. Não poderia ser diferente: a revista era um símbolo da liberdade, como um todo, e da liberdade para fazer humor, em particular. Não caberia nos estreitos moldes do politicamente correto e não aceitaria as amarras do ressentimento woke.
Melhor assim.
Professor e historiador como profissão – mas um cara que escreve com (o) paixão.