3 de dezembro de 2024
Colunistas Joseph Agamol

A birra ideológica

Outro dia entrei na Wikipédia para pesquisar não sei o que e estava lá: “Fulano, ator ESTADUNIDENSE…” Fiquei matutando sobre como, para as ideologias revolucionárias, até uma simples questão linguística é encarada como campo de batalha.

Foto: Michael Melford
Chamar o povo dos Estados Unidos de “americano” – que é o correto – provoca nessa gente pruridos anais de indignação: precisam “corrigir” para “estadunidense”. E, na tentativa de disfarçar o que isso representa, de fato – uma birra – apelam até para a língua portuguesa.

Sem precisar me alongar muito, eu prefiro a justificativa histórica: os Estados Unidos – ou melhor, a América – foi o primeiro país a se libertar de uma metrópole europeia.
Não havia outros países livres na América, do Norte ou do Sul, em 1776: o Canadá pertencia à Inglaterra e França, o México à Espanha, e toda a América do Sul era dividida entre Portugal, Espanha, França, Inglaterra e até Holanda.

Sendo assim, nada mais natural e justo que os colonos recém-emancipados se intitulassem América. Chamar “americanos” de “estadunidenses” é como chamar “presidente” de “presidenta”. É uma birra, bobinha sim, mas que acaba por se revelar útil.

Porque representa uma verdadeira assinatura ideológica.

(Texto: Joseph Agamol )
Joseph Agamol

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

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Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

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