Por R$ 182 mil, Yuan Pro briga por compradores das versões mais potentes de modelos como VW T-Cross, Hyundai Creta e Honda HRV.
No começo de setembro, fui conhecer o novo BYD Yuan Pro, um SUV compacto 100% elétrico que está chegando ao Brasil importado da China, por iniciais R$ 182.800. Nesse preço, ele é hoje mais em conta que concorrentes elétricos do mesmo segmento, como o mais vendido deles, o Volvo EX30, e fica no mesmo patamar de modelos de porte equivalente e com motor a combustão, como as versões mais caras e potentes do Volkswagen T-Cross, do Hyundai Creta e do Honda HRV.
Antes de ir em frente, vale lembrar logo que, hoje, em nosso país, os SUVs representam mais de 47% das vendas totais de veículos e que, também por isso, formam o segmento mais concorrido – e variado – do mercado.
No evento de lançamento, no interior paulista, tive a oportunidade de guiar o Yuan Pro em um pequeno autódromo e em estradas de terra e de asfalto. Ele tem tração somente na dianteira, 170 cv de potência e 29,5 kgfm de torque. Segundo a BYD, ele acelera de 0 a 100 km/h em menos de oito segundos e tem sua velocidade máxima limitada a 160 km/h. E como acontece com a maioria dos elétricos, seu peso fica concentrado na parte de baixo, com motor, componentes e baterias, o que contribui para tenha uma ótima estabilidade para um utilitário desse porte.
A suspensão é macia o bastante para que circular na tal estrada de terra seja bem confortável. E suficientemente firme para que eu pudesse abusar um pouquinho dele das curvas fechadas, em subida e descida, da pista de testes. Como um bom elétrico, com todo o seu torque instantaneamente à disposição, ele acelera e retoma velocidade com competência – embora não se compare aos modelos mais fortes desse tipo – todos eles bem mais caros, claro. No geral, é um carro gostoso de guiar, com boa ergonomia e respostas sempre previsíveis.
O Yuan tem um acabamento interno caprichado e, ao contrário da imensa maioria dos carros de hoje, a maior parte dos painéis frontais e das portas é revestido com materiais emborrachados e de toque suave, o que passa uma ótima impressão. Sensação, aliás reforçada por um isolamento acústico acima da média: durante uma ruidosa coletiva, precisei atender a uma ligação no celular e, por sugestão de um colega, entrei em um dos carros expostos no salão. A música alta e o vozerio praticamente sumiram.
De um modo geral, o Yuan Pro é bem equipado, incluindo uma imensa tela de multimídia com trocentas funções e recursos – e até um serviço de karaokê – e onde são exibidas imagens e projeções de câmeras que emulam os 360º, imagens que podem ser “navegadas” com a ponta dos dedos. Mas fica devendo recursos de apoio à segurança autônomos, como aviso de ponto cego e frenagem autônoma de emergência, por exemplo, que costumam estar presentes em outros carros dessa mesma faixa de preço. O espaço interno é bom para cinco ocupantes e o encosto do banco de trás tem uma inclinação até um pouco exagerada, como no segundo “clique” das poltronas de avião.
Segundo o INMETRO, esse SUV tem autonomia para rodar até 250 km quilômetros e, segundo a BYD, com um carregador rápido, dá para recarregar suas baterias com o equivalente a 180 km em razoáveis 20 minutos. Ainda assim, pelo menos por enquanto, não indicaria esse modelo para quem deseja um carro para viajar – aí, a melhor solução continuam sendo os híbridos, como por exemplo o “mano” sedã King, da mesma BYD (que também dirigi no evento), que é capaz de rodar até (dizem eles) 1.000 Km com um tanque e uma recarga completa.
Como SUV para uso urbano e, vá lá, também viagens de até uns 150 km (com ponto de recarga no final), no entanto, pode ser uma boa pedida pois tem bom custo-benefício. Algo reforçado, na ponta do lápis, pela matemática do marketing da montadora: na cidade, segundo eles, esse Yuan Pro tem um custo de abastecimento que seria equivalente ao de um carro que rodasse 56 km por litro de gasolina – e quase sem fazer barulho.
Fonte: Rebimboca Comunicação
