4 de maio de 2024
Adriano de Aquino Colunistas

Rinha de galos

O campo onde ocorrem os embates, supostamente ideológicos dos dias correntes, em nada se assemelha ao octógono dos milionários espetáculos UFC em Las Vegas.

Tá mais pra uma rústica e sanguinária rinha de cães ou galos. Um tipo de atividade espúria, em que o animal ‘representa’ a coragem que seu dono não tem para entrar num ringue e enfrentar o adversário cara a cara. Mas, da plateia, assiste à sua ‘representação de coragem’ ser trucidada ou trucidar o animal em combate para seu deleite primata.

Toda representação merece muita atenção daquele que se sente representado.

Isso é um fato.

Virou moda, políticos, juízes, ministros e autoridades públicas brasileiras serem reverenciadas pelo simulacro de ‘coragem’, não mais pelo elevado embasamento jurídico, competência e isenção técnica.

Hoje, na arena política, o que assistimos é uma ridícula representação de gladio sentimentalista que passa ao largo do debate de ideias sobre política (ideologias).

De um lado representantes do progressismo retórico, agora no poder, buscam vencer os liberais reproduzindo as velhas siglas reducionistas: nazistas, fascistas, extrema direita, etc.

Esse consórcio inclui a velha grande imprensa. Sua missão é silenciar, censurar as críticas e adulterar (narrativas) o pensamento político das correntes liberais, as rotulando simplesmente de “extrema direita”.

Do outro lado, os conservadores tentam se organizar na razão acusando a esquerda de instrumentalizar as instituições públicas usando grupos políticos, empresariais e ONGs que formam uma linha de frente midiática institucional contra os valores do liberalismo democrático.

Conservadores exaltados apedrejam a vidraça progressista, apontando essa vertente política como intrinsecamente comunista, denunciando não apenas os sucessivos fracassos das experiências socialistas nos planos social humanitário. E, advertem: onde o comunismo alcançou sucesso econômico (China, único exemplo ), as liberdades e os direitos humanos foram destroçados.

Tendo em vista que a propaganda liberal conservadora do período da Guerra Fria – “comunistas comem criancinhas” – ainda surte efeito no imaginário social. A velha esquerda, transmutada em progressismo, não tem argumentos que consigam superar criticamente essa afronta.

Pasmem!

Quem diria que em pleno século XXI, a razão seria derrotada pelo reducionismo sentimentalista.

Na rinha dos arcaísmos culturais, representantes das facções progressistas/esquerda, trajando vermelho e ostentando a sigla ANFED (Anti Nazistas, Fascistas, Extrema Direita) versus CCC (Comunistas Comem Criancinhas) se tornou o espetáculo global do século .

Explica-se assim – em meio a essa bagaça sentimentalista – destacam-se as posições mais radicais.

Adriano de Aquino

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

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