Há os que buscam o cômodo, o que fácil vem, a planície suave, o pote de ouro no fim do arco-íris. Os que criem que vida é prazer, epicuristas pós-modernos. Os que confundem felicidade com uma beatitude inefável, um gozo supremo, uma ausência completa de dor.
Felicidade não é anestésico. Não é prozaquiana.
Por outro lado, há os que buscam a busca e compreendem a beleza do fugaz, e capturam-no.
São caçadores da eternidade contida em um nanossegundo: o travo da fruta dissolvendo no palato, o remédio que age, o elogio do pai, a nota dez, o vento na cara, o olhar da moça, a palavra certa, o amor que encaixa, o orgasmo maduro, a canção antiga, a lembrança do primeiro beijo no muro antigo da casa velha em que se cresceu: há que se sorver em grandes goles o elixir das alegrias.
Se “tudo passa e tudo queda”, serenemos: tudo revigora. Tudo é felicidade. E nada o é.
O que uns chamam de felicidade outros conhecem como destemor: coragem para percorrer o Caminho, em todas as suas luzes e sombras.
Professor e historiador como profissão – mas um cara que escreve com (o) paixão.