Um vaidoso exegeta em modelos de regime político, fez chacota com o termo ‘iliberalismo’.
No entender do intelectual trata-se de nada mais que um factoide. Para exibir seu vasto conhecimento na matéria, provocou os interlocutores:
“Cite um exemplo, no vasto campo social, de um ato iliberal? Existem vários.
Serve no campo da justiça? Perguntou um dos interlocutores.
Em qualquer campo da cultura contemporânea! Respondeu o exegeta.
Então, encaixe essa atitude no seu repertório:
“Em liminar, Justiça proíbe governo de atacar dignidade de Paulo Freire”, disse alguém.
De chofre o exegeta sacou um argumento:
“Ora, a justiça proibiu apenas o governo de atacar a dignidade do educador. Não os cidadãos”
Ah! Tá! Caso um membro do atual governo ou qualquer outro que venha pela frente, critique o método Paulo Freire como manipulação ideológica ineficiente na área do saber, a dignidade do educador será alvo de ataque?
Qual o limite que separa a crítica ao trabalho de um intelectual da agressão a sua pessoa, seu método ou sua memória?
Essa liminar expedida por uma instituição do Estado,não é iliberalismo? perguntou a moça.
O exegeta está em dúvida. Até agora…
A ‘cultura é dinâmica: é uma generalização que não vale para alguns países.
No Brasil, por exemplo, a ‘cultura política’, a jurídica segue o mesmo tom e as demais vertentes da cultura também são campos refratários ao desenvolvimento nacional.
Outro exemplo, mais radical, é o fundamentalismo religioso ou as ideologias fracassadas ainda perduram em algumas nações.
Isso explica por que o Brasil é uma das poucas nações democráticas do ocidente onde o Foro Privilegiado resiste fortemente, apoiado na cultura patrimonialista que se espraia no Congresso Federal e nos tribunais de justiça e nas associações civis iliberais, incluindo a imprensa brasileira.
Venha o que vier pela frente e as mudanças culturais que ocorrem nas sociedades livres, enquanto essa cultura permanecer vigente no Brasil, o que você chama de ‘responsabilidade’ é puro diletantismo, uma quimera.