É desoladora a vigilância sanitária no Brasil. Um passageiro veio da Índia com sintomas, declarou isto em São Paulo e recebeu autorização para continuar viagem para o Rio. No Rio, tomou um táxi, ou um ônibus, e viajou para Campos de Goytacazes.
Ficou demonstrado agora pelo seu exame que trazia a variante Indiana. Manteve contato com inúmeras pessoas.
Em qualquer lugar do mundo, ele seria obrigado a fazer uma quarentena em São Paulo.
Aliás mesmo se não apresentasse sintomas, a orientação deveria ser fazer uma quarentena em São Paulo.
Na Indonésia, se você apresenta um exame atestando que não tem Covid-19, assim mesmo é obrigado a passar uma semana num hotel sem falar com ninguém. E olhe que isto vale para quem vem da Europa ou do Oriente Médio. Imagine a vigilância que é necessária para quem vem da Índia onde a variante B.1.617 está devastando o país, provocando mais de 4 mil mortes por dia.
A gente fica olhando toda aquela discussão na CPI, todo mundo dizendo que quer salvar vidas, mas de que adianta todos os discursos se não conseguimos montar o mínimo de vigilância.
E olhem que São Paulo foi quem deu alarme, depois do episódio do Maranhão que já registrei aqui, a chegada de um indiano contaminado num navio que veio da Malásia.
O que aconteceu no caso do viajante que veio para o estado do Rio é inexplicável. Era preciso fazer uma investigação interna para localizar as causas do erro e tentar consertar.
Caso contrário, continuaremos enxugando gelo. E não se trata apenas da Covid-19, se não houver consciência, doenças podem chegar através da comida, de plantas exóticas-enfim num mundo biologicamente inseguro como o nosso, o Brasil parece estar na idade da pedra.
Pela manhã, participei de uma conversa na tevê sobre as discussões na CPI sobre quem convocar. A vontade que tinha era de atravessar o samba e dizer: parem tudo, vejam o que está acontecendo.
Existe uma preocupação dos especialistas sobre a chegada de uma terceira onda, isto porque o patamar de mortes está muito alto.
Uma das causas desse temor da terceira onda eram exatamente as variantes que andam pelo mundo.
Não é a única. Já falei sobre outras, inclusive a chegada do inverno. É mais fácil controlar passageiros da Índia do que evitar a chegada do inverno.
A manhã no Rio foi muito bonita. As pessoas reclamaram que a água estava fria. Nada que não pudesse ser resolvido após cem metros de braçadas.
Foi uma das manhãs mais suaves e luminosas. No entanto, estava com essa variante Indiana na cabeça, não consigo me conformar não pelo Rio mas pelo fato de que colocar um lugar em perigo é colocar todo o país em perigo.
Fonte: Blog do Gabeira