13 de maio de 2024
Colunistas Ricardo Noblat

Ser ou não ser Bolsonaro, eis a questão para Jair…

Quem subirá amanhã nos palcos montados em Brasília e no Rio?

Ato 7 de Setembro com Jair Bolsonaro na Avenida Paulista em SP – Fábio Vieira/Metrópoles

Disseram que Lula foi mal no debate da Band entre os candidatos a presidente, e que se não fosse o ataque à jornalista Vera Magalhães, e a indelicadeza em mandar a senadora Simone Tebet (MDB) calar a boca, Bolsonaro teria saído dali como vencedor.

A pesquisa Ipec (ex-Ibope), a primeira feita depois do debate, não registrou nenhum prejuízo à candidatura de Lula. Aconteceu o inverso: na pesquisa espontânea, quando o eleitor diz de memória em quem vai votar, Lula oscilou de 40% para 42%. Resiliência.

Lula está com os 44% de intenções de voto de três semanas atrás. Na simulação de segundo turno, se tinha 50% contra 37% de Bolsonaro, agora tem 52% a 36%. Se antes 54% dos que ganham um salário mínimo diziam que votariam nele, agora são 56%.

É fato que Bolsonaro tem 46% dos votos dos evangélicos, mas tinha 48% na semana passada. E, em sete dias, o apoio a Bolsonaro entre as mulheres caiu de 29% para 26%. Desemprego em queda, preço dos combustíveis também, PIB em alta… Nada adiantou.

A melhor notícia para Lula veio com o número dos brasileiros que desaprovam a maneira de governar de Bolsonaro – 57%, ante 38% de aprovação. Político não carrega caixão até o pé da cova; se tanto, até à porta do cemitério, mas não passa dali.

Como Bolsonaro aproveitará o comício do 7 de setembro para mostrar que continua vivo, que não adormeceu, e que ainda pode se reeleger? Falando baixo como querem seus ministros da área política? Tocando fogo no paiol como querem seus filhos?

Horas depois do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspender trechos de decretos presidenciais que facilitaram a compra e porte de armas citando riscos de violência política, Jair postou nas redes um texto que lhe deram para postar:

“Uma ação autoritária nunca é assim chamada por seu autor. Pelo contrário, ela aparenta combater supostas ameaças para que seja legitimada. Assim, abusos podem ser cometidos sob o pretexto de enfrentar abusos. Esse é o mal das aparências”.

Bolsonaro, no caso o filho Eduardo, mais sintonizado com o pai, postou em seguida:

“Você comprou arma legal? Tem clube de tiro ou frequenta algum? Então você tem que se transformar num voluntário de Bolsonaro. Peça ao seu candidato a deputado federal adesivos e santinhos do Presidente, distribua. Em SP eu te envio.”

Jair ou Bolsonaro? Quem subirá amanhã ao som de tiros de canhões nos palcos montados na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, e diante do Forte de Copacabana, no Rio?

“Ser ou não ser, eis a questão: será mais nobre

Em nosso espírito sofrer pedras e flechas

Com que a Fortuna, enfurecida, nos alveja,

Ou insurgir-nos contra um mar de provocações

E em luta pôr-lhes fim? Morrer.., dormir: não mais.”

(A tragédia de Hamlet, príncipe da Dinamarca; de William Shakespeare)

Fonte: Blog do Noblat

Ricardo Noblat

Jornalista, atualmente colunista de O Globo e do Estadão.

Jornalista, atualmente colunista de O Globo e do Estadão.

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