13 de maio de 2024
Colunistas JR Guzzo

Cresce sem parar a lista de “instituições democráticas” que o povo não pode criticar

Cúpula do Senado Federal.| Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Até pouco tempo atrás ninguém que estivesse bem da cabeça perdia o sono por causa das “instituições”. Quem podia levar a sério, por exemplo, os tribunais de contas? Ou as múltiplas procuradorias, que se multiplicam como cogumelos, custam cada vez mais caro e encontram cada vez menos o que procuram? Imaginem, então, o Senado Federal — que a imensa maioria dos brasileiros não tem a menor ideia do que seja, nem se interessa em ter, embora pague cada tostão do sustento dos senadores; junto com a Câmara dos Deputados, os dois custam 14 bilhões de reais por ano ao pagador de impostos. Mais ou menos um bom terço dos seus membros está envolvido com o Código Penal.

Na mesma linha, é claro que ninguém jamais desperdiçou seu tempo com o TSE ou com os seus 27 TREs, a não ser, ocasionalmente, quando eles aparecem no noticiário policial por problemas na construção dos seus palácios absurdos pelo Brasil afora — aquelas coisas de Terceiro Mundo que só a alta burocracia nacional consegue botar de pé, na crença de que estão sendo chiques e modernos.

Não está mais assim. Desde que o Supremo Tribunal Federal e o resto da justiça superior do Brasil decidiram formar uma sociedade político-comercial para governar o Brasil em parceria com o Sistema Lula-PT, não se pode mais abrir a boca para falar mal das “instituições”. Todo esse aparelho de custo exorbitante — só a “justiça eleitoral” custa 10 bilhões de reais por ano, mesmo nos anos em que não há eleição nenhuma — tornou-se, para Lula, a esquerda e a maioria da mídia brasileira, mais sagrado do que o Santíssimo Sacramento. A mínima crítica é automaticamente denunciada como crime de “extremo direitismo”, “fascismo”, “bolsonarismo” e daí para baixo. As urnas eletrônicas dos ministros do TSE, um negócio só usado pelo Butão e Bangladesh no resto do mundo, por exemplo; trata-se de um equipamento mecânico como outro qualquer, mas é proibido dizer que seus componentes poderiam ser modernizados, ou de alguma forma melhorados, hoje ou em qualquer dia do futuro. O “tribunal”, gritam todos na hora, é uma “instituição democrática”. É obrigatório dizer que o TSE, os ministros e o seu sistema eletrônico são perfeitos. Quem não elogiar está praticando um “ato contra a democracia”; quer dar “um golpe” e acabar com o “estado de direito”.

Só a “justiça eleitoral” custa 10 bilhões de reais por ano, mesmo nos anos em que não há eleição nenhuma.

A mesma excomunhão é reservada a qualquer observação crítica sobre a indicação do advogado pessoal de Lula para o STF – um ato de favoritismo frontal, mal-intencionado e rasteiro. Uma coisa dessas jamais seria aceita, nem como piada, nas Inglaterras, Itálias e Franças onde Lula faz diplomacia turística com a mulher e tenta passar por “estadista latino-americano” se hospedando em hotéis com diárias próximas aos 40.000 reais. Não se pode abrir a boca para dizer que os senadores que fizeram a “sabatina” do novo ministro tomaram parte numa palhaçada grosseira – que não sabatinou coisa nenhuma e não serviu para absolutamente nada a não ser legalizar a vontade de Lula. Eis aí outra “instituição” intocável, o Senado – seus membros foram eleitos democraticamente, dizem os discursos da esquerda, e colocar em dúvida a sabedoria, patriotismo e honestidade de qualquer decisão que tomam é negar a “democracia representativa”. Até o Senado, e ainda por cima com o presidente que foram arrumar? Até o Senado. São os chiliques do Brasil democrático do consórcio Lula-STF.

Fonte: Gazeta do Povo

J.R Guzzo

José Roberto Guzzo, mais conhecido como J.R. Guzzo, é um jornalista brasileiro, colunista dos jornais O Estado de São Paulo, Gazeta do Povo e da Revista Oeste, publicação da qual integra também o conselho editorial.

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José Roberto Guzzo, mais conhecido como J.R. Guzzo, é um jornalista brasileiro, colunista dos jornais O Estado de São Paulo, Gazeta do Povo e da Revista Oeste, publicação da qual integra também o conselho editorial.

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