Quase todos já deram seu pitaco, o assunto já está esfriando, mas vamos lá:
1 – o Voldemort de Garanhuns já entrou nervoso, tenso – acho que a “patada” que deu no assessor foi nesse momento, não? Além de revelar toda a sua natural deselegância e grosseria, a irritação teria indicado que sabe que algo mudou? Teria algum acordo sido rompido? Sei lá. Mas não era a postura de quem acredita que o segundo turno é uma mera formalidade.
2 – a expressão corporal do sujeito já dizia tudo: acanhado, desenxabido, estremunhado, olhos injetados, cabelos raros e ralos, mãos se torcendo incontroláveis, a baba raivosa escorrendo dos cantos dos lábios ressequidos, a cada momento indo ao fundo beber de uma misteriosa poção. Seu comportamento me lembrava o de criaturas nada nobres: uma hiena mordendo e recuando, ou um daqueles peixes horrendos de águas abissais, que às vezes vêm à luz e logo retornam às trevas.
3 – e o rosto? O homem parece ser simplesmente incapaz de sorrir: apresenta apenas uma espécie de esgar malévolo, um arreganhar de dentes obsceno, como uma caricatura particularmente feia de um grande roedor quando acuado. Ele não mais fala: apenas ROSNA dados quase sempre inventados e as meias-verdades e mentiras inteiras de sempre.
Em contraponto a tudo isso, o atual presidente manteve-se quase sempre sóbrio, sereno, político, equilibrado, até nos momentos mais tensos.
Me surpreende observar pessoas dizendo que o Voldemort de Garanhuns vai trazer AMOR ao país: quem vê o espetáculo de sua triste figura sem a lente do fanatismo cego percebe um ser corroído pelo desamor, pelo ressentimento, pelo mais mesquinho desejo de vingança contra uma suposta injustiça – que somente ele e seus acólitos acreditam que aconteceu.
Nunca foi tão fácil escolher.
Professor e historiador como profissão – mas um cara que escreve com (o) paixão.