O antigo Palácio Itamaraty no Rio de Janeiro, símbolo da história da atuação e cooperação internacional do Brasil, em prol da paz mundial, atualmente é um Museu.
Os belos cisnes brancos que embelezavam o lago do Palácio sumiram. Deixaram saudades.
Testemunharam a trajetória diplomática no Império, que se iniciou com a aproximação estratégica com os Estados Unidos, sem perda do intercâmbio comercial com a Europa.
A diplomacia brasileira se consagrou com o reconhecimento da notável atuação pacificadora no pós-guerra de 1945 e mereceu um assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Em 1961, as relações diplomáticas assumiram uma postura “Independente” com o objetivo primordial de ampliar a sua participação política e econômica no cenário mundial.
Com a transferência do centro diplomático brasileiro para o monumental Palácio dos Arcos, em Brasília, as relações exteriores atravessaram os anos 1970-1985 e o liberalismo, sem desvios o seu pragmatismo independente, até janeiro de 2023, com a imposição de uma liderança intervencionista e seletiva nas relações internacionais, comandada por um ex-chanceler, investido com a credencial de “Assessor especial” da autoridade máxima do país.
Doutrinou o Mandatário, um ex-atrás-das-grades, de que o Brasil com sua 7ª posição na economia mundial e com a sua efetiva liderança no grupo de “cooperação econômica dos países emergentes” (BRICS) assumira um status de primazia na comunidade internacional, capaz de enfretar o pro-Israel do Ocidente na guerra do Mar Mediterrâneo.
O Chefão, na ânsia de se tornar um líder mundial, não se conteve e desabafou o desastroso improviso: “O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”.
A irresponsável declaração gerou uma crise interna com 155 assinaturas de impeachment e o repúdio internacional do posicionamento do Brasil no conflito israelo-palestino de 2023.
O Ministro das Relações Exteriores de Israel condenou a comparação de que “Israel criou um Holocausto, em Gaza”, como um “grave ataque antissemita, que profana a memória dos que foram mortos no Holocausto”.
Nada é surreal nessa virada ideológica da política externa: o influente “assessor informal” prefaciou um livro, em outubro de 2023, em que “expressou otimismo em relação ao grupo Hamas, que pode desempenhar um papel central na restauração dos direitos palestinos”.
O repúdio popular se fez presente na gigantesca manifestação de mais de 1 milhão de brasileiros nas ruas de São Paulo, no dia 25 de fevereiro, contra o caos nacional e a política externa, que envergonha a todos, até os cisnes brancos do antigo Palácio do Itamaraty.
Que Deus proteja o Brasil dos usurpadores do destino de ordem e progresso do país.
Advogado da Petrobras, jornalista, Master of Compatível Law pela Georgetown University, Washington.
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