Ainda que tenha potencial para barrar a pretensão de Lula, o processo que o TRF-4 julga agora dificilmente o impedirá de disputar as eleições de outubro
Nelson Marchezan prefeito de Porto Alegre (PSDB/Divulgação)
Inconstitucional e impróprio, o pedido feito pelo prefeito Nelson Marchezan Júnior de proteção das Forças Armadas diante das manifestações previstas para Porto Alegre no dia 24, quando o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) inicia o julgamento do recurso contra a condenação do ex Lula, empolgou o PT.
Deu vida e publicidade a um calendário de atos que ficaria restrito a fiéis e aos movimentos autodenominados populares, permitindo mais eco ao que o partido faz de melhor: construir verdades que contrariam os fatos e fomentar o ódio como se pregasse a paz.
A reação do PT à asneira do alcaide tucano é um dos pontos de destaque de um comunicado oficial, divulgado na quinta-feira. “Se paira alguma ameaça sobre os cidadãos de Porto Alegre, é o autoritarismo do prefeito, evocando fantasmas de um tempo de exceção e de arbítrio”. Um exagero de forma e conteúdo, ainda que o prefeito eleito no ano passado tenha tropeçado feio.
A interpretação forçada é de pequena monta se comparada com outros trechos do documento, cujo mote é a convocação para as “jornadas” em defesa do ex-presidente Lula. Já na primeira linha o PT expõe sua visão particular de democracia, limitando-a aos apoiadores do ex.
No mesmo parágrafo, o partido desacata o juiz Sérgio Moro, que condenou Lula a nove anos e meio de prisão no caso do triplex do Guarujá, considerando a “sentença injusta e ilegal”. Como parte das repetidas investidas na falácia de que Moro persegue Lula, que a Lava-Jato persegue Lula, que todos conspiram contra o ex.
Mais do que desrespeito a um juiz, trata-se de uma nova demonstração de desapreço à Justiça.
Assim como querem fazer crer que eleição sem Lula seria fraude, a ideia que insistem em emplacar é a de que a Justiça só será usta se livrar Lula. Do contrário é tribunal de exceção, nos moldes da ditadura, etc. e tal.
O trecho mais intrigante do comunicado é o que explica os objetivos das manifestações. Todo o cronograma foi montado “em defesa da democracia e do direito de Lula ser candidato a presidente da República, até porque ele não cometeu nenhum crime e porque sua candidatura expressa a vontade da maioria do povo”. Ora, que democracia é essa que, antes das urnas, diz que um candidato já teria conquistado a vontade da maioria?
Tribunal Regional Federal da 4 Região (Divulgação/Divulgação)
Ainda que tenha potencial para barrar a pretensão de Lula, o processo que o TRF-4 julga agora dificilmente o impedirá de disputar as eleições de outubro.
Mesmo que seja confirmada a sentença de Moro – e a intensidade do cronograma montado pelo PT parece indicar que poucos creem em absolvição -, há a fase de embargos. E ainda existe a possibilidade de que o Supremo reverta a sua decisão anterior de que a pena pode ser cumprida a partir da condenação na segunda instância. O tema volta a ser debatido após o Carnaval.
Isso posto, a Justiça, instituição que Lula e o PT demonizam agora, seria a única capaz de salvar a pele do ex. Então, qual o sentido e o porquê da insistência em desmoralizá-la?
Uma lógica destoante da alegada inocência, em especial para quem ainda tem outros cinco processos em curso.
O documento termina com a convocação de uma reunião ampliada da Executiva Nacional do PT para o dia 25, com o intuito de reafirmar a candidatura de Lula à Presidência. Previamente, anuncia-se que o partido não tem intenção de acatar uma eventual sentença dos juizes João Pedro Gebran Neto, relator da Lava Jato no TRF-4, Leandro Paulsen e Victor Luiz dos Santos Laus, membros da 8ª Turma da Corte.
Se for absolvido nesta etapa, Lula continuará disputando votos dependurado em processos criminais. Se confirmada a condenação, vai se somar às tristes estranhezas deste país, único que tem no cargo um presidente duplamente denunciado por corrupção e um candidato a presidente condenado pelo mesmo crime. E que manda a Justiça às favas.
Fonte: Blog do Noblat
Jornalista, mineira de Belo Horizonte, ex-Rádio Itatiaia, Rádio Inconfidência, sucursais de O Globo e O Estado de S. Paulo em Brasília, Agência Estado em São Paulo. Foi assessora de Imprensa do governador Mario Covas durante toda a sua gestão, de 1995 a 2001. Assina há mais de 10 anos coluna política semanal no Blog do Noblat.
Jornalista, mineira de Belo Horizonte, ex-Rádio Itatiaia, Rádio Inconfidência, sucursais de O Globo e O Estado de S. Paulo em Brasília, Agência Estado em São Paulo. Foi assessora de Imprensa do governador Mario Covas durante toda a sua gestão, de 1995 a 2001. Assina há mais de 10 anos coluna política semanal no Blog do Noblat.
Usamos cookies em nosso site para oferecer a você a experiência mais relevante, lembrando suas preferências e visitas repetidas. Ao clicar em “Aceitar tudo”, você concorda com o uso de TODOS os cookies. No entanto, você pode visitar "Configurações de cookies" para fornecer um consentimento controlado.
This website uses cookies to improve your experience while you navigate through the website. Out of these, the cookies that are categorized as necessary are stored on your browser as they are essential for the working of basic functionalities of the website. We also use third-party cookies that help us analyze and understand how you use this website. These cookies will be stored in your browser only with your consent. You also have the option to opt-out of these cookies. But opting out of some of these cookies may affect your browsing experience.
Necessary cookies are absolutely essential for the website to function properly. These cookies ensure basic functionalities and security features of the website, anonymously.
Cookie
Duração
Descrição
cookielawinfo-checkbox-analytics
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics".
cookielawinfo-checkbox-functional
11 months
The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional".
cookielawinfo-checkbox-necessary
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary".
cookielawinfo-checkbox-others
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other.
cookielawinfo-checkbox-performance
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance".
viewed_cookie_policy
11 months
The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data.
Functional cookies help to perform certain functionalities like sharing the content of the website on social media platforms, collect feedbacks, and other third-party features.
Performance cookies are used to understand and analyze the key performance indexes of the website which helps in delivering a better user experience for the visitors.
Analytical cookies are used to understand how visitors interact with the website. These cookies help provide information on metrics the number of visitors, bounce rate, traffic source, etc.
Advertisement cookies are used to provide visitors with relevant ads and marketing campaigns. These cookies track visitors across websites and collect information to provide customized ads.