16 de outubro de 2024
Ricardo Noblat

O que levou o Coringa a morrer na praia

A história se repete como farsa

Sem partido que o apoiasse, apenas com um arremedo de partido, sem dinheiro dos fundos eleitoral e partidário para financiar sua campanha, sem tempo de propaganda eleitoral no rádio e na televisão, Pablo Marçal foi mais longe do que se imaginava.

Valeu-se da própria estridência nos debates para se afirmar, de ter enriquecido – não importa como – apesar de ter nascido pobre, de vender com brilho o sonho da fortuna num abrir e piscar de olhos, e de apresentar-se como o único candidato antissistema.

A receita quase vitoriosa desandou por culpa unicamente dele. Foi mais agressivo do que deveria, transgressor para além do razoável, e ao cabo falsificou documentos com o intuito de aumentar a rejeição de Guilherme Boulos, uma vez que a dele era a mais alta.

No segundo turno, o eleitor costuma votar contra o candidato que não quer ver eleito. Na reta final do primeiro turno, levando-se em conta as pesquisas espontâneas do Datafolha e da Quest, o número de eleitores que se diziam indecisos ia de 18% a 30% do total

Entre eles, a rejeição a Marçal era no mínimo duas vezes maior do que a de Nunes. Em resumo, foi por isso que ele perdeu. “Não haverá segundo turno”, proclamava Marçal, dando a entender que se elegeria direto no primeiro turno. Não haverá para ele.

O Coringa do ator Joaquim Phoenix matou, despertou os instintos mais primitivos de milhares de pessoas tão insanas como ele, e provocou o incêndio de parte de uma cidade. O Coringa de Marçal fez quase a mesma coisa, com uma diferença: matou-se no fim.

Fonte: Blog do Noblat

Ricardo Noblat

Jornalista, atualmente colunista de O Globo e do Estadão.

Jornalista, atualmente colunista de O Globo e do Estadão.

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