25 de abril de 2024

Espantosa a live de Bolsonaro afirmando que é mais seguro contrair o vírus do que tomar vacina. Ele insiste na tese de imunizar através da doença.

Bolsonaro parece ignorar que existem hoje variáveis diferentes de vírus e, às vezes, de nada adianta já ter sido contaminado.

Mas existe um outro argumento de peso contra sua tese: quase 500 mil mortos no Brasil, estamos nos aproximando dos EUA que tem muito mais habitantes.

A tese de Bolsonaro ser levado a sério poderia implicar em mais meio milhão de mortos. Nenhuma sociedade aceitaria uma sentença maciça. Ao menos, não deveria aceitar.

A CPI tem ouvido testemunhas, apertado alguns médicos, mas o problema central é Bolsonaro. Suas teses o equiparam a Jim Jones, aquele pastor que levou ao sucidio coletivo na Guiana.

Como neutralizá-las? Fazemos o possível denunciando-as e argumentando com os aliados do presidente sobre a insanidade de sua tese.
Mas as grandes plataformas digitais precisam fazer alguma coisa. A própria CPI vai acioná-las. Não é possível que a rede seja utilizada para uma tese que represente um grande número de mortes.

Bolsonaro está colocando um grande desafio também para as instituições nacionais. De alguma forma, é preciso que se distanciem. Ninguém pode ser cúmplice de uma política que representa um suicidio em massa.

É verdade que Bolsonaro quando fala que pegar o vírus é mais seguro do que tomar vacina,ele esteja se referindo a pessoas que sentem sintomas leves ou moderados. Ignora os que morreram e mais ainda os que tiveram grandes sequelas que dificultam sua mobilidade, reduzem sua memória, enfraquecem seu coração e os predispõem para inúmeras doenças.

Continua a caçada contra Lázaro Barbosa, aquele bandido em fuga pelo mato, em Goiás. Ele sempre tem escapado.

Hoje, Renan Calheiros disse numa entrevista que a CPI estava no encalço do empresário Carlos Wizard. Na verdade, a CPI apenas tentou sem êxito encontrá-lo para um depoimento.

Carlos Wizard está nos Estados Unidos. Estar no encalço de alguém é mais adequado para descrever a situação em Goiás.
Os aliados de Bolsonaro, Carlos Wizard e Arthur Weintraub, estão curtindo o verão nos Estados Unidos.

Aliás, por falar em verão nos Estados Unidos, a temperatura na Califórnia  chegou a 55 graus. Em muitos outros lugares, o calor é muito forte. Aqui no Brasil, entramos no inverno com essa maldita pandemia e crise hídrica.

Uma crise que merece uma explicação melhor do que apenas atribuí-la a El Niña, um fenômeno importante no Pacifico mas que não pode responder sozinho pela  redução das chuvas no Brasil.

Sexta meio fechada. Pelo menos deu para fazer a feira pela manhã e usar o resto do tempo matinal para ver a longa entrevista dos membros da CPI.  E também para as reportagens sobre o sambista Laila, que morreu aparentemente de Covid 19, aos 78 anos.

Bom fim de semana. Merecemos.

Fonte: Blog do Gabeira


Fernando Gabeira

Jornalista e escritor. Escreve atualmente para O Globo e para o Estadão.