19 de abril de 2024
Yvonne Dimanche

Histórias com mendigos, ou melhor, "mindingos"


1) A mocinha todo dia ia para a escola e era obrigada a passar por uns desocupados e bêbados com as grosserias de sempre: gostosa, ai se eu… e por aí vai. Sua aula começava muito cedo e aquele pedaço era mais ou menos ermo. Todo dia essa conversa, até que teve um dia que um engraçadinho apareceu e se aproximou da garota. Pra quê? Os mendigos se levantaram do chão e botaram o bonitão pra correr: larga a garota seu filho da mãe. Salva por três mendigos, no dia seguinte a velha rotina: gostosa, ai se eu…, mas a garota não se importava mais, rsrsrs.
2) Tomei o ônibus errado para ir ao trabalho e tive de passar por uma praça por volta das 6h da manhã (era um dia de pauleira extra) cheia de mendigos. Para piorar no inverno com o sol super murcho. Respirei fundo, rezei e segui em frente. Eis que aparece um outro bonitão para me roubar. Conseguiu tirar o meu relógio e estava quase levando a minha bolsa quando o “incrível exército de Brancaleone” (para quem não conhece, esse é o nome de um filme) se levantou, correu atrás do moço e recuperaram o meu relógio. Fiquei sem ação. Nunca mais passei por lá, mas eles fazem parte da minha história afetiva.
3) Estava eu na Rua do Catete me dirigindo à Casa Bahia para pagar um carnê. Apareceram umas ciganas de meia tigela que de ciganas não tinham nada, todas caboclas, não eram mendigas.Pra variar se ofereceram para ler a minha mão e eu disse que não. Até que uma delas falou: cuidado com a carteira. Gelei, morro de medo de praga de cigana ainda que de araque. Até que passou um senhor que se abaixou para pegar a minha carteira que tinha caído na calçada.
Preconceito e medo quando se juntam é terrível, mas ainda bem que essas histórias tiveram um final feliz.

O Boletim

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