25 de abril de 2024
Colunistas Vera Vaia

Carão!

Falar daquela canalhice sem tamanho do presidente da República na semana passada é gastar vela com defunto ruim. A live em que Bolsonaro aparece associando as vacinas à AIDS passou de todos os limites do mau-caratismo e já recebeu todos os comentários merecidamente desairosos por mais esse ato insano e claramente intencional, já que ele sabia muito bem o tamanho da mentira que estava jogando no ventilador.

Então vamos falar do carão que Jair Bolsonaro passou na última quarta-feira, quando o André Marinho o entrevistou na inauguração da Jovem Pan News.
O humorista do Pânico, usando de muita ironia, começou dizendo que todo mundo tá muito preocupado com a volta do PT, aquele “que vendeu o governo para o Centrão, que comprou base parlamentar com emenda, que tinha milícia digital para atacar adversários”. Falou também da prática dos deputados do Rio de Janeiro que “roubavam a torto e a direito o dinheiro do assessor e enfiavam no próprio bolso”. (Qualquer semelhança com o governo atual é mera coincidência…) E assim foi floreando até chegar à pergunta propriamente dita: “rachador tem de ir para a cadeia ou não?

Rapá! O homem sentiu puxar o pelinho do saco e virou bicho na hora. Disse que não aceitava provocação do filho do suplente de Flávio Bolsonaro. Que seu pai, Paulo Marinho, só estava interessado na cadeira ocupada pelo zero um. Bateu o pezinho no chão e foi embora.

Tanto pai quanto o filho André trabalharam na campanha pró-Bolsonaro, mas logo o mar de rosas virou um mar de merda e Paulo revelou que Flávio Bolsonaro recebeu informações privilegiadas da PF no caso da investigação das rachadinhas.

Pai puto de um lado, pai puto do outro. Logo em seguida ao episódio, Paulo Marinho solta um vídeo com insinuações arrepiantes pra cima de Bolsonaro: “Você se lembra do nosso amigo Gustavo Bebianno?

Com certeza já esqueceu, mas ele não lhe esqueceu. Quando você estiver chorando no banheiro do Palácio, lembre dele, capitão. Ele não lhe esqueceu!” (Bebianno foi secretário-geral da Presidência, e morreu de infarto, segundo laudo médico, aos 56 anos, em março de 2020. Um celular cheio de revelações cabeludas que comprometeriam o presidente estaria nas mãos de alguém de sua confiança.) Só faltou o Paulo Marinho falar pro Bolsonaro: Um dia desses ele liga pra você!

Se essas revelações existirem de fato e vierem à tona, será mais uma bomba que o presidente da Câmara, Arthur Lira terá de desarmar. Aliás, ele virou especialista na área, quando se trata de denúncias contra Jair Bolsonaro. Além de ignorar os trocentos pedidos de impeachment que estão na sua gaveta, já deu a entender aos arautos da CPI que estão entregando pessoalmente as denúncias para os órgãos que deverão dar continuidade aos trabalhos que ele não quer nem saber do pacote. Que não vai mover uma palha contra seu presidente querido, tããão bonzinho que lhe dá tudo o que pede. Que seu amor não permite que abra inquérito contra ele ou contra seus colegas parlamentares que entraram pra lista dos sujos na rodinha.

E falando em amor, outra que faz questão de expressar sua afeição exacerbada ao presidente também levou um carão esta semana. Ela de novo, a Ana Paula do vôlei. Na ânsia de fazer um carinho no mito, sacou a favor do presidente em programa da Jovem Pan: “Gostaria que o senhor comentasse a prisão ilegal decretada aí pelo ministro Alexandre de Moraes”.

Foi bloqueada na hora pelo próprio Bolsonaro, que a desmentiu: o pedido foi da Polícia Federal. Moraes só acolheu. Péssima sacada, moça!
De qualquer forma, parabéns. Ter uma mentira desmentida pela maior autoridade no espalhamento de mentiras do país, é como ganhar uma medalha olímpica de fake news. Continua campeã.

Vera Vaia

Mãe de filha única, de quatro gatos e avó de uma lindeza. Professora de formação e jornalista de coração. Casada com jornalista, trabalhou em vários jornais de Jundiaí, cidade onde mora.

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Mãe de filha única, de quatro gatos e avó de uma lindeza. Professora de formação e jornalista de coração. Casada com jornalista, trabalhou em vários jornais de Jundiaí, cidade onde mora.

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