19 de março de 2024
Colunistas Vera Vaia

Apertem os Cintos!

O piloto sumiu, o ministro sumiu, o diretor da Prevent Senior sumiu, e a nossa paciência também está sumindo.

É preciso ter uma paciência de “jóquei” pra aguentar um ministro da Saúde que aparece num dia dizendo que tem vacina de montão no país e no dia seguinte manda suspender a vacinação de adolescentes.

Tu não tem neto, não, ministro? Acho que não. E nem vergonha na cara de aparecer numa entrevista pra dizer que a suspensão foi por “precaução”, porque alguns casos de eventos adversos foram relatados, e doses de outras vacinas que não da Pfizer foram aplicadas nas crianças. Apresentou números, algo em torno de 1.500 adolescentes que teriam tido algum tipo de reação, ajudado por um secretário que estava ao seu lado, com relatórios que podem muito bem terem vindo do TCU pelas mãos daquele servidor que inventa dados para agradar ao presidente.

Deixou pais, avós e adolescentes que já tinham recebido a primeira dose cocunamão, já que citou até um caso de morte de uma garota de 16 anos ocorrida depois de ter tomado a vacina. Falou porque tem boca e porque, parece, gosta de tocar terror na população, já que esse caso está sendo analisado e ainda não se chegou a nenhuma conclusão sobre o que ocasionou a morte da jovem.

Durante a coletiva pulou que nem pipoca pra tentar justificar que o que ele diz num dia não se escreve no outro. Tentou jogar a culpa, como sempre, nos governos de Estados, que se anteciparam à data prevista para a vacinação. Se enrolou e não soube explicar por que crianças de 12 anos sadias não devem receber a vacina com o argumento de que pode não ser segura, enquanto que crianças da mesma idade com comorbidades devem tomar a mesma vacina.
Falou também que o presidente Bolsonaro está muito preocupado com essa situação e que todos os dias cobra uma solução dele. Arran! Sabemos qual Estado vacinou mais adolescentes até agora. Não será esse o motivo da sua “preocupação”?

Tem dó, né, Pazuello, ops, Queiroga! Cê acha que somos todos idiotas?

A Anvisa que autorizou essa vacina para essa faixa etária já desmentiu o capacho, digo, o ministro e confirma que ela é totalmente segura. Então nos resta concluir que:

Um: O Bozo tá puto porque o calça apertada, de novo, saiu à frente no grid de largada.
Dois: NÃO tem vacina suficiente pra meninada.
Conclusão: ou ministro lambedor de botas do presidente mentiu quando disse no dia anterior que tinha vacina sobrando ou mentiu quando disse que suspendeu a vacinação por “precaução”. Ou mentiu as duas vezes. O que não seria nada estranho; afinal, o que mais se ouve nesse governo é mentira.

Outra bomba da semana foi o vulcão da Prevent Senior, o plano de saúde que entrou em erupção e esparramou lava sobre o triste desastre provocado pelo kitpariu defendido pelo Bolsonaro. O Hospital Sancta Maggiore de São Paulo testou seus pacientes, na maioria idosos, com o “milagroso” tratamento à base de hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina contra a Covid, e manipulou os resultados. Escondeu que morreu muita gente e, como se não bastasse, continuou aplicando o protocolo tão propagado pelo presidente da República.

O Sancta Maggiore acabou servindo de cenário do filme Cocoon ao contrário. No filme de ficção, idosos entram numa piscina onde casulos de extraterrestres estão depositados à espera de um resgate, e começam a rejuvenescer.

Infelizmente para os idosos que mergulharam no Prevent Senior, esse filme não foi de ficção. Suas famílias assistiram ao pior dos filmes de terror, tendo como protagonistas seus próprios parentes.

Que bom que a semana está acabando. Mais notícias como essas e a gente vai preferir viajar num avião sem piloto. É só apertar os cintos e estaremos mais seguros do que aqui em terra nas mãos desses irresponsáveis. (Queria usar outro adjetivo, mas aí o filme seria proibido para menores.)

Vera Vaia

Mãe de filha única, de quatro gatos e avó de uma lindeza. Professora de formação e jornalista de coração. Casada com jornalista, trabalhou em vários jornais de Jundiaí, cidade onde mora.

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Mãe de filha única, de quatro gatos e avó de uma lindeza. Professora de formação e jornalista de coração. Casada com jornalista, trabalhou em vários jornais de Jundiaí, cidade onde mora.

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