7 de setembro de 2024
Editorial

O que virá depois do “Dia do não fico”?

Certamente, depois de ler a biografia de D. Pedro I, Biden teria feito a seguinte declaração: “Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto! Diga ao povo que NÃO FICO”!

Finalmente, Biden assumiu que não tem condições físicas para mais quatro anos de mandato e que sua candidatura comprometeria demais o Partido Democrata. A saída de Biden é uma lufada de esperança para o mundo civilizado. Escondeu-se o quanto pôde, até que sua campanha eleitoral expôs sua fragilidade e ele não aguentou a pressão. Alea jacta est! (a sorte está lançada!).

A eleição nos EUA é um problema do mundo. Sabemos que ganhando, Democratas ou Republicanos, as relações internacionais poderão mudar da água para o vinho.

Com a renúncia de Biden à candidatura, os 3900 delegados dos Democratas, que se comprometeram a votar nele, estão liberados para votarem em qualquer um que se apresente como candidato, ou seja, eles podem votar em quem quiserem e não pela direção anterior indicada pelo partido, já que o compromisso deles era com o Biden, e ele desistiu.

Há, portanto, uma tarefa política para os Democratas. Há vários candidatos e, principalmente, Kamala Harris que já está ligando para os delegados a fim de convencê-los de que ela é a melhor opção. E as pesquisas já mostram que ela realmente seria. Ainda não apareceu nenhum pretendente mais forte, aliás dois já desistiram e estão pleiteando a vice-presidência de Kamala.

No entanto, há um fato novo e importante no ar: a possibilidade de Kamala Harris ser a escolhida. Não há nenhum outro candidato forte, é mais um jogo para ser o vice. Do outro lado Kamala pode ser um problema significativo para o outro lado, pois Trump contra Biden, estava reinando sozinho com a fragilidade de Biden, mas agora o jogo é outro.

É claro que o atentado ajudou muito a Trump, mas agora os Democratas retomaram a presença na mídia. Outro fato importante é que Kamala é um oponente para Trump bem diferente de Biden. Os estrategistas de campanha republicanos já estão preparando as peças publicitárias contra Kamala, já que ela é um tipo de adversário totalmente diferente do anterior.

42 estados já estão decididos por seu voto, já que são tradicionalmente, republicanos ou democratas, mas a eleição será decidida em 6 ou 7 estados chamados “estados pêndulos” e nestes estados, o nome de Kamala Harris tem um peso muito diferente de Biden.

Com a desistência de Biden, as doações já voltaram, praticamente, à situação anterior. Em 5h após a decisão foram US$27mi e pouco depois, US$46mi. Isso diz muito. Dá uma injeção de ânimo nos democratas.

Olhando do lado de Trump, ele irá irá enfrentar uma debatedora perigosa. Kamala tem mais de 15 anos de Promotoria e Procuradoria, portanto completamente diferente de Biden. Há um espaço que Kamala preenche que Biden não ocupava.

Kamala mudará a vibe de Trump mas, principalmente, ela mexe com o eleitorado feminino e com o negro. Isso pode ser decisivo. Kamala já atacou Trump diretamente, dizendo que, por ter uma história como Procuradora e Promotora: “Enfrentei criminosos de todos os tipos: predadores que abusaram de mulheres, fraudadores que enganaram consumidores, trapaceiros que burlaram regras para seu próprio benefício. Então, ouçam-me quando digo: eu conheço o tipo de Donald Trump”.

Isso é um ataque direto a Trump! Mostra como Kamala irá se portar daqui pra frente, logo Trump terá que dar o troco, mas terá material para isso?

Do lado democrata, Obama será uma figura importante, porque ele até o fechamento deste editorial não tinha apoiado Kamala. Na mensagem em que aprovou a decisão de Biden, Obama firmou que “estaremos navegando em águas desconhecidas nos próximos dias”, e depositou confiança nas lideranças democratas. Segundo analistas, ele não quer passar a ideia de que a escolha de Kamala será uma coroação, seguindo uma estratégia adotada em 2020, quando não apoiou Biden na disputa.

Outras figuras importantes no Partido Democrata, como o ex-presidente Bill Clinton e a ex-senadora, e ex-rival de Trump em 2016, Hillary Clinton, endossaram Kamala Harris, afirmando que é necessário que “todos lutem com todas as forças para elegê-la”.

Enfim, as cenas dos próximos capítulos, certamente, ditarão o rumo do mundo geopolítico após novembro deste ano.

Valter Bernat

Advogado, analista de TI e editor do site.

Advogado, analista de TI e editor do site.

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