7 de novembro de 2025
Silvia Gabas

Um dia tão esperado

Enfim, chegou o dia pelo qual tanto se esperou: alegremo-nos todos.

Os reféns israelenses farão o caminho de volta pra casa, muitos deles sem a alegria de realizar esse percurso pelos próprios pés, retornando como despojos do humano que foram um dia, e serão sepultados e amados pelos seus, que sofreram durante esse longo tempo de horror no cativeiro a angústia da dúvida se mortos ou vivos estavam.

A vida possível para os sobreviventes desse tempo de horror terá início com o amparo das famílias e amigos que serão colo e ombro para essas almas dilaceradas pelo impensável oferecido pelo terror.

A vida lhes deu mais uma chance.

Agradecidos estamos.

Ninguém poderá dizer que é final feliz, que o tempo de incerteza se foi, ninguém poderá dizer que tudo será como antes para eles mesmos, para Israel, para Gaza ou para o mundo porque não será.

O tempo da inocência está morto.

Ninguém poderá afirmar que o que agora acontece é ponto final.

Gaza será reconstruída com dinheiro internacional, Israel lamberá suas feridas, reforçará fronteiras, e um e outro retomarão a difícil, para não dizer impossível, caminhada de antagônicos de quem se exige convívio e respeito minimamente civilizado.

Mas hoje, neste presente imediato, que é tudo o que temos, afinal, alegremo-nos e façamos festa por esse ínfimo momento do tempo em que mais uma vez, os homens apostam na vida, na esperança necessária para que não desesperemos de vez.

Mas ouço um silêncio sepulcral nas ruas.

Onde estão todos para brindar e comemorar?

Onde estão os ensandecidos que, nas cidades, ruas e universidades do mundo, por meses a fio, pediam a paz em Gaza, com bandeiras e lenços, exigindo o fim do conflito e explodindo em violência e antissemitismo jamais vistos, cegos para a causa original dessa tragédia contemporânea?

Nada vejo.

Sei a resposta.

Mas me calo.

Silvia Gabas

Com formação em Direito e Serviço Social, leitora compulsiva, com olhar atento para as grandes questões do mundo, dando sua contribuição através de textos publicados nas suas redes e sociais e na revista Stampa, entre outros veículos de comunicação.

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Com formação em Direito e Serviço Social, leitora compulsiva, com olhar atento para as grandes questões do mundo, dando sua contribuição através de textos publicados nas suas redes e sociais e na revista Stampa, entre outros veículos de comunicação.

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