16 de setembro de 2024
Ricardo Noblat

Marçal empaca, Nunes reage e Boulos deve se preocupar

A luta pela prefeitura de São Paulo é a única com emoção até aqui

Pablo Marçal (PRTB), o controverso coach sem escrúpulos à direita da extrema-direita de Bolsonaro, esperava por esses dias ultrapassar seus adversários em todas as pesquisas eleitorais.

Não conseguiu, segundo revelou a pesquisa Datafolha de ontem. Hoje é dia de mais uma pesquisa, a da Quaest. Ela poderá mostrar se Marçal de fato perdeu o fôlego ou se continuará crescendo.

Cada instituto de pesquisa tem seu modo de aferir a realidade. Não dá para comparar pesquisas de um com pesquisas de outro. Mesmo assim, se vistas em conjunto, elas sugerem tendências.

Os programas de propaganda eleitoral dos candidatos no rádio e na televisão completaram uma semana. Marçal não tem direito a eles porque seu partido não atende aos requisitos da lei.

Há uma semana que os demais candidatos a prefeito de São Paulo batem duramente em Marçal, que ignora suas críticas. Em 2018, Bolsonaro teve um tempo mínimo de rádio e televisão.

Mas aí ele foi esfaqueado em Juiz de Fora. A cobertura jornalística do fato compensou com folga a propaganda eleitoral que lhe faltou. Bolsonaro deu-se até ao luxo de faltar a debates.

Marçal não perderá a chance de ir a debates. São ocasiões que ele aproveita para fazer recortes de suas falas e das dos outros, postando-os nas redes. Isso, contudo, por si só não basta.

Na pesquisa Datafolha de 23 de agosto, Marçal deu um salto de sete pontos. Nesta agora, só de um ponto. Guilherme Boulos ficou onde estava (23%) e Ricardo Nunes finalmente reagiu.

Os três estão tecnicamente empatados, mas num eventual segundo turno, Nunes e Boulos venceriam Marçal e Nunes venceria Boulos. Portanto, é Nunes que tem o que comemorar. Ele diz:

“Em todos os cenários sou eu que ganho com tranquilidade da esquerda, da extrema-esquerda, então serei eu o candidato que vai ganhar as eleições. O Datafolha mostra isso”.

Mostra mais: Nunes lidera com 28% a intenção de voto dos eleitores pobres, contra 19% de Boulos e 17% de Marçal. A rejeição a Nunes caiu, a de Marçal aumentou, a de Boulos não se mexeu.

José Luiz Datena vai ladeira abaixo. Há duas pesquisas, com 14%, ele empatava com Marçal. No Datafolha, caiu para 7%. Tabata Amaral subiu um pontinho, de 8% para 9%. Não deverá ir longe.

Atente para o seguinte: no país onde se pergunta aos eleitores “se a eleição fosse hoje em quem você votaria?”, a eleição só será daqui a 30 dias. Já vi errarem pesquisas feitas no dia da eleição.

Bolsonaro está zonzo. Garantiu que apoiaria Nunes, mas ao ver Marçal avançar, recuou e lhe prometeu apoio. Como Marçal parece ter estancado, Bolsonaro poderá voltar ao colo de Nunes.

Repito o que já escrevi: ganhe ou perca, Marçal já ganhou. Vença quem vencer, Bolsonaro já perdeu. Quase 50% dos que votaram nele em 2022 dizem que votarão em Marçal para prefeito.

Fonte: Blog do Noblat

Ricardo Noblat

Jornalista, atualmente colunista de O Globo e do Estadão.

Jornalista, atualmente colunista de O Globo e do Estadão.

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