28 de março de 2024
Colunistas Priscila Chapaval

Ontem fui convocada para sair


Resolver assuntos pessoais do meu interesse. Fui toda paramentada. Toca de lã preta tipo trombadinha, máscara, óculos de sol, luvas cirúrgicas, tênis, agasalho velho mas quentinho e gostoso, malha e camisa por cima.
Bem à vontade para o que tinha que fazer. Fui fazer uma vistoria na casa que minha mãe morava. O inquilino foi embora e eu fui lá checar. A casa estava imunda. Nenhuma fechadura funcionava. As portas dos armários embutidos todas desalinhadas. Baratas mortas… eca…
Me deu uma sensação horrível. A casa era tão diferente com minha mãe.
Tive vontade de ir embora, sair correndo dali. Fora o emocional que remeteu ao lugar onde morei com meus pais, e que era o centro da família. A casa sempre cheia com as filhas, os netos e bisnetos. Sempre tinha comida. Era chegar e comer à vontade. Sempre tinha bolo. O Giba adorava e o Marcelo ia direto nem perguntava se tinha. Tempos felizes.
Voltando à casa, a sorte é que quando fiz o contrato exigi que o inquilino fizesse “Seguro Fiança da Porto Seguro”… Mas, porém, todavia, contudo, nessa pandemia nada funciona. É tudo muito lento.
Pensei lá com meus botões: Quer saber? Vou pegar o carro e fazer o que preciso já que estou na rua. Vou dar uma banda por aí!
Primeiro fui na farmácia comprar tudo aquilo que precisava como xampu, cremes, pasta de dente, e alguns remédios de uso continuo. E esqueci o mais importante que era o fio dental.
Depois, fui num supermercado e me dei ao luxo de comprar tudo aquilo que eu merecia ter em casa. Gostosuras. E esqueci de comprar o mais importante: detergente líquido para lavar louça.
No supermercado começou a me dar sede e fome. Mas como comer com a máscara? Fui comprar frios e vi que tinha uma caixa cheia de luvas novas. Tirei as minhas e pedi para o rapaz me deixar experimentar o presunto. Foi o melhor fatia que já comi.
E me deu sede. Vi Coca-Cola gelada na geladeira e peguei uma. Ai pensei ,como vou tomar direto da garrafa sem higienizar e de máscara? Seria TOC? Só sei que a sede era tanta que assim que paguei e fui para o carro, arranquei a máscara e matei a sede.
Achei tudo muito estranho. Tem muita gente esquisita andando pelas ruas. Os motoboys não respeitam a sinalização e me assustam com a velocidade que dirigem.
Achei tudo muito mais caro. Um clima estranho pairando no ar. Poucas pessoas e automóveis nas ruas. Quando voltei já escurecia.
Abri o bagageiro do carro para tirar as compras e vi um homem muito estranho do outro lado da rua. Me deu medo e entrei em casa deixando tudo dentro do carro.
Liguei para minha vizinha e pedi para ela ficar na porta me dando um apoio moral. Entrei com as compras e fui largando pela casa. Ai lembrei do Corona, esse vírus gordo e filho da p..a . Tirei tudo e levei para fora no quintal.
E aí começa aquele filme que conhecemos.. .lavar tudo, passar álcool, desinfetar, higienizar… gente que merda! Quanto trabalho por causa desse nojento.
Acabei de finalizar quase agora. Digo, deixar mais em ordem porque ainda falta guardar tudo. Não estou mais gostando dessa brincadeira.
Hoje chamei o mercadinho que entregou em casa os itens faltantes. Dei um banho na embalagem do detergente. E passei álcool na embalagem do fio dental.
Não saio mais de casa, pronto!
Tive que tomar dois banhos depois que cheguei da rua. Nesse frio não é brincadeira entrar no chuveiro de cabeça e tudo.
Odeio esse vírus gordo e feio!
Recebi hoje noticias de uma amiga muito querida dizendo que acabou a quarentena em Bologna Itália. Ela mostrando seu primeiro passeio, depois de meses dentro de casa, pelo centro da cidade e sem máscara.
Acompanhei toda a sua trajetória quando a Itália começou a ter problemas muito sérios com a pandemia. Ela me dizia que estava trabalhando o dobro em casa. Eu não entendia direito. Mas falávamos e ela me mostrava a situação pelo Facetime.
Hoje entendo e imagino ela, com o marido em casa e o filho de 8 anos dentro de casa!
Mamma mia, Dio Santo!!!
Quando isso vai acabar aqui?
Soube que talvez em outubro.
Oremos🙏🙏🙏🙏🙏🙏🙏🙏🙏🙏

Priscila Chapaval

Jornalista... amo publicar colunas sobre meu dia a dia...

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