Obrigada a esta classe de trabalhadores!
Domingo, 17 horas numa tarde de domingo de outono. Voltávamos de Curitiba – minha irmã mais velha, meu primo mais novo e eu – ouvindo e cantando várias vezes “Um dia de Domingo”, sucesso na época do Tim Maia e Gal Costa. Deu sono e fome em todos nós e em Registro paramos o meu Fiat Uno e fomos ao restaurante do posto de gasolina que era parada de caminhões de carga. Deveria ser bom pois onde tem caminhoneiro a comida ou o café na estrada era bom.
Saímos e fomos até o carro na volta para São Paulo. Viro a chave do carro e ele não dá a partida. Tento várias vezes. Nada… veio minha irmã tentar e nada… e meu primo e nada aconteceu. Bem, o carro pifou. E não havia como arrumar num domingo quase de noite.
Olhei para o lado e vi um motorista que deveria ter acabado de tomar banho no banheiro do posto e abrir a porta de um caminhão lindo, branco, enorme e com carga coberta com uma lona.
Fui perguntar se ele iria para SP. Ele disse que passaria por SP mais iria continuar a viagem até Vitoria.
Subi na cabine daquele caminhão Intercooler limpíssimo e cheiroso como ele. Impecável. Minha irmã e eu ficamos no banco traseiro. Meu primo sentou-se no banco individual na frente ao lado do caminhoneiro.
Não pregamos o olho nessa volta para SP. Conversamos o tempo todo e pelo menos eu estava curtindo muito andar nesse caminhão que mais parecia que eu estava num Jaguar.
Aos poucos fomos chegando em SP. Ele nos disse que teríamos que descer na Marginal porque ele não podia entrar na cidade pelo tamanho do caminhão. Eu gostaria que ele me deixasse na porta de casa só para me exibir. Boba! Já era tarde e todos já estavam dormindo.
Com muita pena ele nos deixou na Marginal em frente à Hebraica se desculpando ainda por não poder nos deixar em casa.
Queríamos dar um dinheiro para ele mas não quis de maneira nenhuma. Deixamos mesmo assim na caixa de sapato debaixo do meu banco.
Fiquei adorando os caminhões Intercooler. Ate hoje eu observo as placas para ver se por acaso é de São Leopoldo.
Lembrei disso hoje. Por causa da greve desses bravos caminhoneiros que eu tanto admiro. Um Viva para eles.
Imagem meramente ilustrativa
No final cantamos tanto um Dia de Domingo que esse dia ficou na minha memória.
No dia seguinte foram buscar meu carro no posto e ainda fiquei um bom tempo com ele. Sempre achando que poderia quebrar e voltar num Intercooler de novo.
Jornalista… amo publicar colunas sobre meu dia a dia…