29 de março de 2024
Yvonne Dimanche

Síndrome do pânico


Bem no início dos anos 1980 fiz uma viagem de avião a SP. Ao meu lado um rapaz visivelmente transtornado.
Uma sexta-feira com aquelas chuvas de verão. A aeromoça no corredor com uma bandeja com suco, até que o avião deu um tremelique e os sucos caíram.
O rapaz simplesmente enlouqueceu e, daquele momento até o avião aterrissar, ele não largou a minha mão. Alguém pode achar que era uma paquera, mas não, era desespero. Suava, gemia, se mexia o tempo todo. Era um judeu de nome Igor com um sobrenome cheio de consoantes.
Quando finalmente se acalmou, me disse que iria se casar no sábado ou domingo e me convidou para ir à sinagoga.
Obviamente declinei do convite. O que as pessoas iriam pensar? Ademais, o meu final de semana já estava todo “programadinho” com muitas farras que Sampa oferece.
Lembrei dessa história, porque vi o depoimento de uma atriz com essa doença que por sinal atingiu um familiar meu.
Não é para qualquer um.
É fácil rotular de frescura, frescurite, vontade de aparecer, drama e outros adjetivos sarcásticos. O difícil e deixar de lado a intolerância. Isso pode acontecer com qualquer um.

O Boletim

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