29 de março de 2024
Yvonne Dimanche

Racismo


Mais uma vez torno a dizer no dia de hoje que sou repetitiva. Pois é, mas vou comentar mais uma vez. Eu sei que negros, pardos estão ENCHENDO O SACO com tantos mimimis. Estão mesmo. Tudo é um drama, tudo é perseguição.
É, poizé, mas da mesma maneira que aqui no Brasil coxinhas e petralhas se acham no direito de destilar ódio uns contra os outros, acho mais do que compreensível a negrada usar as redes sociais para colocar em dia séculos de escravatura, humilhação, chibatadas, fome, vergonha e toda sorte de sofrimento.
Eu tenho o privilégio de fazer parte de uma família que, pela força da personalidade de todos nós, ninguém nunca teve coragem de dizer nas nossas caras aquilo que lhes desagradam. Não falam, mas o olhar diz tudo.
Quando minha mãe se mudou para o apartamento onde vivi por 16 anos alguém comentou que iria morar lá um casal, sendo um(a?) brasileiro(a?) e outro(a?) francês(a?). Ah, tá na cara, ela era a francesa e o meu pai encardidinho um legítimo brasileiro. Só que foi o contrário, ela era alourada de olhos verdes e brasileira.
Uma das pessoas que eu mais amei na vida foi a minha avó cujo nome herdei, uma linda mulata, uma dama, uma flor, um berço de cultura, de simplicidade, de tudo que é bom. Ela era tudo para mim e só eu sei como me magoaram os olhares alheios quando as pessoas a olhavam, tipo assim “como pode a Yvonne tão branquinha e com esse cabelo lisão ser neta dessa nega?”
Se fosse hoje eu responderia “como pode você tão babaca achar que é melhor do que a minha avó?”
Acabando essa conversa sem fim dou força para todos os neguinhos encherem o saco de todo mundo. Se vocês não lutarem pelos seus direitos, quem é que vai fazer isso por vocês? A propósito, eu também sou neguinha como a minha avó neguinha.
UPDATE: Lembrei do meu pai quando dizia que no Brasil não tem racismo com a seguinte frase: “você é meu irmão, mas nem pense na possibilidade de ser meu cunhado ou genro”

O Boletim

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