Amigos, tenho todos os meus caderninhos de telefones desde a adolescência. Há uns três ou quatro anos fui dar uma olhada e poucas foram as pessoas que eu me lembrei. Com certeza algumas delas foram importantes em algum momento da minha vida.
Mas nem sei o motivo de ter tais caderninhos, porque sempre tive uma memória prodigiosa para guardar números. Se eu ligasse para alguém mais de três vezes, pronto já estava decorado.
Tenho uma prima que foi a uma festa e conheceu um rapaz que deu o número de telefone para ela. Digamos que o rapaz se chamava Teófilo, um nome bem diferente. Ela perdeu o número. Com um nome desse eu perguntei como ele era, etc. Dito e feito. Eu o conheci uns dez anos antes, ele também me deu o seu telefone e eu nunca liguei. A timidez era enorme demais, mas fiquei o dia inteiro com aquele número na cabeça. Ligo ou não ligo?
Quando confirmamos que era o próprio, eu imediatamente dei o número para ela (*)..Ela ficou pasma. Agora eu já não sou mais a mesma. Como quase ninguém mais tem telefone fixo (eu sou a única do meu prédio que tem), eu não estou conseguindo guardar número de celular. São muitos “oitos” e “noves” pro meu gosto. A idade chegou e já está dizendo a que veio.
Até aí tudo bem, mas começo a esquecer certas palavras que não fazem parte do meu dia a dia. Hoje foi um custo para eu me lembrar de flâmula. Não estou preocupada com esses esquecimentos, pois sempre soube que, com o avanço da idade, a memória tende a ser seletiva, mas é um pouquinho triste não ser mais a genial, né?
(*) Quase 50 anos depois, eu ainda sei esse número, por conta desse episódio.
Yvonne Dimanche
Caderninhos de telefones
- Por O Boletim
- 19 de novembro de 2018
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