16 de abril de 2024
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A rainha-da-cocada-preta e o príncipe herdeiro

Na Europa, as famílias reais são amadas e as notícias sobre elas, garantia de boa vendagem de jornais ou revistas. Mas as majestades raramente quebram o bom comportamento público. Sabem se dar ao respeito.

Escrevo sobre isso porque um incidente com o segundo na linha sucessória do trono da Dinamarca ocupou o noticiário por aqui. E eu morri de vergonha do meu Bananão Republic.

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Seguinte: O princípe herdeiro da Dinamarca, Frederick, casou há 12 anos com Mary, uma plebeia australiana. Casamento de amor, comme il faut. Os dois tem quatro filhos. O mais velho, Christian, 11 anos, é o segundo na linha sucessória.

Este ano, a familia passou o Reveillon na Austrália, com a família de Mary. Um belo dia, foram todos à praia, onde, subitamente, uma corrente levou Christian, que começou a se afogar.

Imediatamente, o papai-futuro-rei mergulhou para resgatar o filhote, enquanto a mamãe corria atrás do salva-vidas australiano, que apareceu na hora exata e tirou o pequeno príncipe do mar.

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A história termina com as altezas já tranquilas, mas saindo da praia mais cedo porque não tem coração que aguente ver filho em situação de perigo.

As várias fotos revelam uma família normal voltando para casa. Papai e mamãe carregando a tralha da garotada, os meninos mais velhos caminhando na areia, os mais novos no colo. Os seis andando em direção ao carro que o próprio Frederick dirigia. Nenhuma babá, nenhum segurança, nenhuma entourage, nenhum baba-ovo. Ninguém, sustentado pelo tesouro dinamarquês, atrás dos príncipes herdeiros. E olha que a Dinamarca morre de amores pelo jovem e bonito casal que, um dia, ocupará o trono.

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Meu encanto com a simplicidade de Frederick e Mary, que voltaram para Copenhagem em avião de carreira – provavelmente de Primeira-Classe, ninguém é de ferro -, durou pouco. Foi logo substituido pela vergonha de assistir as ôtoridades de meu país darem mais uma demonstração de que, nunca, antes, comeram melado.

Eis que, em Porto Alegre, nasceu Guilherme, o segundo neto. A feliz vovó Dilma posou para as fotos pouco antes de embarcar para conhecê-lo diante de um enorme Airbus, que serviria somente à ela.

Sei que todos os aviões Airbus são grandes. Mas, na foto, o avião de Dilma parecia enorme, tamanho era o disparate de voo tão dispendioso servir apenas para um evento familiar. Para quem não sabe, o Airbus presidencial, decolando vazio, só com madame e seus asseclas, leva, no mínimo, 20 toneladas de querosene de aviação. Dá para acreditar?

Impossível sonhar que a madame usaria um voo comercial. Imagina… Mas não dava para ter solicitado um jatinho da FAB, que seria muito mais barato? Não é ela a primeira a afirmar que o tempo é de vagas magras?

Se um príncipe herdeiro dispensa frescuras, por que a rainha-da-cocada-preta não pode dispensar?

Desagradável saber que paguei parte desta viagem. Por que temos que ser tão over? Tão sem noção?

Às vezes penso em desproclamar a república…

bruno

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