29 de março de 2024
Turismo

Paestum: os mais bem preservados templos gregos

A primeira vez que ouvi falar sobre Paestum foi no primeiro ano da faculdade de Arquitetura. Como nunca tinha ouvido falar sobre esse lugar antes?

Considerado o mais bem preservado conjunto de templos gregos da Magna Grécia, o Parque Arqueológico de Paestum ainda hoje passa despercebido da maioria dos turistas que visitam a Itália.

E não deveria ser assim porque a cidade de Paestum fica a uma hora de trem ao sul de Nápoles. Sem contar com a proximidade da Costa Amalfitana, que é um destino mais do que favorito de todos. Enfim, para tudo há um lado bom: visitar Paestum é bem tranquilo, há poucos turistas, o que torna a visita ainda mais interessante.

Templo de Hera: o mais antigo do Parque Arqueológico de Paestum.
(Fonte: Mônica Sayão)

1 – Um pouco da história:

O fluxo migratório grego começou no século VIII AC e foi até o século V a.C.. Os motivos vão desde tensões internas pelo aumento populacional na Grécia, com consequente escassez de terras e alimentos, como também pelo interesse em novos mercados para comercialização de produtos.

A ocupação e fundação de cidades gregas no sul da península itálica e também na Sicília foi o principal destino de imigrantes gregos. Essa região passou a ser chamada de Magna Grécia, com muitas cidades importantes como Siracusa, por exemplo.

Paestum foi fundada pelos gregos em aproximadamente 650 a.C. na costa do Mar Tirreno. Foi chamada de Poseidonia, em homenagem ao deus dos mares, um dos mais importantes da mitologia grega. Em cerca de 400 a.C. Poseidonia foi conquistada pelos lucanos, povo indígena italiano. Os lucanos trocaram o nome Poseidonia para Paistos.

Em 237 a.C. os romanos chegaram e tomaram Paistos. Passaram a chamá-la de Paestum, nome que se mantém até os dias atuais.

Após a queda do império romano, Paestum caiu em declínio. Houve epidemias recorrentes de malária, o que causou o abandono progressivo da cidade.

Em 1762 Paestum foi descoberta por causa da construção de uma estrada. É Patrimônio Mundial da Unesco desde 1988.

2 – Os templos:

Os templos de Paestum foram erguidos no período da ocupação grega. São templos dóricos, o mesmo estilo do Parthenon de Atenas. São eles: o Templo de Hera (de 550 a.C.), o Templo de Poseidon (de 450 a.C.) logo ao lado, e o Templo de Athena, mais afastado dos dois primeiros (de 500 a.C.). Na imagem abaixo é possível ter uma boa ideia da localização dos templos de Paestum.

Aqui estão os três templos de Paestum. Em primeiro plano, o Templo de Hera. Logo ao lado o Templo de Poseidon, e ao fundo à direita, o Templo de Athena. (Fonte: www.pinterest.com)
Parque Arqueológico de Paestum, com os três templos dóricos, todos do
tempo da ocupação grega. (Fonte: www.naples-companie.com)
Templo de Hera, o mais antigo. (Fonte: Vera Araujo)

Templo de Hera (Fonte: Mônica Sayão)

Templo de Poseidon, o maior deles. (Fonte: Mônica Sayão)
Templo de Poseidon (Fonte: Mônica Sayão)
Templo de Athena, o menor. (Fonte: www.britannica.com)

Templo de Athena. (Fonte: Mônica Sayão)

Os templos são o que de melhor pode-se ver em Paestum. Mas certamente ainda há muito mais a ser descoberto na região. Há ruínas da época dos lucanos. Assim como há ruínas e vestígios da época romana, como o fórum romano e o anfiteatro. Há escavações em andamento para se saber mais sobre a vida cotidiana da cidade, com suas residências, por exemplo. Há lacunas na história de Paestum que serão preenchidas ao longo do tempo, mediante novas descobertas.

O Ekklesiaterion era o lugar de encontro e debate numa cidade grega.
(Fonte: www.paestum.org.uk)

Anfiteatro romano, construído em 50 a.C.. Parte da estrutura ainda está debaixo da terra.
(Fonte: www.lacittadisalerno.it)

3) Museu Nacional Arqueológico de Paestum:

É imperdível visitar o Museu Arqueológico, que foi inaugurado em 1952. Lá estão artefatos, cerâmicas, e túmulos com painéis de afrescos encontrados em Paestum. Acho até que a visita ao museu deve ser feita antes de se conhecer as ruínas. Dá outro sentido ao que se vê no parque.

Entrada principal do Museu Arqueológico de Paestum.
(Fonte: Mônica Sayão)

É um museu pequeno e muito bem montado. A peça mais famosa de seu acervo é a Tumba do Mergulhador, de aproximadamente, 470 a.C.. Pode-se apreciar afrescos muito especiais. Até porque são raras as pinturas gregas achadas daquele tempo que não sejam em vasos cerâmicos.

Aqui estão as partes que compunham o Túmulo do Mergulhador.
O mergulhador está na peça central da imagem, que era o teto do túmulo como mostrado abaixo.
(Fonte: www.wikipedia.org)
Túmulo do Mergulhador: no teto um homem jovem está mergulhando, o que
representa a transição da vida para a morte. Nos painéis laterais, há cenas sociais cotidianas.
(Fonte: www.italianways.com)
Na antiguidade os mortos eram enterrados fora dos muros das cidades. Quanto mais elaborados eles seus túmulos, maior era o status social do falecido. Nessa imagem, vemos um homem com seu cavalo preto, o que parece ser corrida de cavalos e também uma cena cotidiana.
(Fonte: Mônica Sayão)

No museu ainda preciso destacar a coleção de vasos pintados que foram, durante séculos, a principal manifestação artística dos gregos. Fiquei encantada porque estudei sobre eles durante dois anos na Universidade de British Columbia, em Vancouver, Canadá.

Bela e importante coleção de vasos gregos característica do século VI a.C.,
que tem as figuras na cor preta. (Fonte: www.timetravelturtle.com)

4) Praias e a Segunda Guerra Mundial:

Como disse anteriormente, Paestum foi erguida junto à costa do Mar Tirreno. Há 15 km de praias que costumam ser bastante frequentadas no verão.
O curioso é que foi nessa costa que, em 1943, houve a operação de desembarque de tropas americanas e inglesas conhecida como Operação Avalanche. Houve batalhas com as tropas alemães por dez dias, com vitória dos aliados. A praia mais próxima do Parque Arqueológico chama-se Liccinella, e lá ainda há bunkers daquele tempo.

Adorei visitar Paestum e pretendo retornar!

Mônica Sayão

“Arquiteta de formação e de ofício por muitos anos, desde 2007 resolveu mudar de profissão. Desde então trabalha com turismo, elaborando roteiros e acompanhando pequenos grupos ao exterior. Descobriu que essa é sua vocação maior.”

“Arquiteta de formação e de ofício por muitos anos, desde 2007 resolveu mudar de profissão. Desde então trabalha com turismo, elaborando roteiros e acompanhando pequenos grupos ao exterior. Descobriu que essa é sua vocação maior.”

    4 Comentários

    • Edwiges Chiapetta Azevedo 14 de março de 2021

      Gente, que coisa mais linda, nunca tinha ouvido ou visto nada sobre Paestum, me leva lá,Monica!😘😘💖

      • Mônica Sayão 16 de março de 2021

        Edwiges querida,

        Paestum é um segredo bem guardado! Não posso imaginar o motivo. Nem mesmo na Grécia podemos encontrar 3 templos tão antigos e tão bem preservados num mesmo lugar.

        Obrigada! Bjs,
        Mônica

    • Ana Marcia Suzuki 14 de março de 2021

      Maravilhoso boletim , nos levando a lugares antigos , acompanhado da sua História e do didatismo e sensibilidade de sempre , de Monica. Mais um destino imperdível. Parabéns Monica!

    • Mônica Sayão 16 de março de 2021

      Querida Ana Marcia,

      Muito obrigada por suas palavras tão carinhosas!
      São tantos os destinos imperdíveis que não sei o que será de nós quando a pandemia acabar!

      Bjs
      Mônica

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