18 de abril de 2024
Maria Helena

O Brasil piora a passos largos

Relógio invertido (Foto: Arquivo Google)

No excelente filme “Getúlio”, de 2014, no qual Tony Ramos dá um show de interpretação, há uma cena que muito me impressionou.
Um dia ou dois antes de se matar, o presidente, entre acabrunhado e irônico, diz a um de seus assessores: Em todos os meus anos à frente do Brasil, nunca ninguém me procurou para pedir algo para o país. Os pedidos foram sempre em proveito próprio…
Que sentimentos machucariam o Dr. Getúlio se ele estivesse ainda entre nós e constatasse que nada mudou, além da sede da capital?
Ninguém se preocupa com o Brasil, mas quase todos se preocupam consigo mesmo.
O atual presidente, Michel Temer, anda tão preocupado em se manter no Poder, que virou useiro e vezeiro em assinar portarias para revogá-las em seguida: assina para agradar gregos e revoga para agradar troianos. Tudo depende das reações que suas portarias provocam na Esplanada dos Ministérios.
O Brasil? Ah! o Brasil que se cuide…
Agora mesmo ele assinou uma portaria que foi criticada aqui e no exterior, uma portaria que nos põe como exemplo de país que “abranda a definição do que seja trabalho escravo”, nas palavras de Fernando Henrique Cardoso.
Já o ministro Gilmar Mendes – ah! o ministro Gilmar Mendes!- fez questão de dizer que apesar de ter um trabalho exaustivo, o seu não é um trabalho escravo. Ele trabalha por prazer!
Ele achou melhor esclarecer a situação, pois o fiscal das garagens nas quais guarda seu carro, de tanto ver o carro do ministro ali estacionado, poderia pensar que ele estava, nos dois tribunais (STF e TSE), na condição de trabalhador escravo!
Não é nada disso! Calma, fiscais! O ministro não disse, mas digo eu: trabalha muito, viaja muito por prazer, tem boas férias que devem lhe dar muito prazer e recebe, creio eu, um bom salário também com prazer.
Mas tem mais: o que sentiria o Dr. Getúlio ao ver que o único movimento pró-Brasil, a célebre Lava-Jato, corre o risco de desmilinguir, salvando a pele de figuras que hoje nem dormiam mais, de tanto medo, e que podem vir a respirar aliviadas com a ‘ardilosa armação’ contra o combate à corrupção?
Será que a ninguém ocorre que se houvesse uma Lava-Jato em 1954, o Brasil teria escapado de ver seu ditador sair da vida para entrar na História? Seu destino seria outro?
Este é ou não é um país único no mundo? Aqui ninguém é culpado. Todos são vítimas de perseguição. A ditadura é do povo, ao contrário das ditaduras onde o povo é oprimido, nós, pobres metidos a besta, oprimimos nossos dirigentes. Quem os salvará?
Retrocedemos a passos largos. O último prego no caixão veio ontem, na Comissão de Cultura e de Segurança Pública na Câmara dos Deputados. O Estado de Alagoas, que já nos deu Graciliano Ramos, Aurélio Buarque de Holanda e Nise da Silveira, entre outros, agora nos presenteou com uma flor: o deputado Givaldo Carimbão. Por se achar filho de Maria, Mãe de Deus, achou que tinha o direito de agredir violentamente a mãe do ministro da Cultura, já falecida.
Será pedir muito aos alagoanos que nunca mais nos enviem figuras como o Carimbão?
Fonte: Blog do Noblat

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