Este artigo que escrevi quando surgiram os primeiros rumores da morte de um notório criminoso e do subsequente aparecimento de seus doppelgängers.
Muita gente copiou o que escrevi sem a minha autoria, mas na cópia existe um pouco de amor. No caso, eu diria amor bandido.
Joseph Stalin teve pelo menos quatro sósias, que personificavam o líder supremo em passeatas, comícios e reuniões. Um deles, um ex-dançarino e malabarista que em 2020 completou 100 anos, chamava-se Felixs Dadaev. Apesar de ser mais jovem, com maquiagem e truques ficava tão igual ao ditador que nem mesmo seus camaradas mais próximos conseguiam identificar qual era o verdadeiro.
Quando Feliks tornou-se o substituto idêntico de Salin, já havia outros três. A ideia dos sósias veio do chefe de segurança do Kremlin, Nikolay Vlasik, no início da década de 1920.
Os temores com a segurança do ditador foram confirmados. A primeira pessoa a tornar-se doublé de Stalin foi um caucasiano chamado Rashidov. Morreu com a explosão de uma bomba, quando seu cortejo passava pela Praça Vermelha.
“A única coisa diferente eram as minhas orelhas. Resolver esse problema não foi muito difícil. As orelhas foram envolvidas em uma prótese especial, que fez o canal auditivo parecer mais profundo. Eles adicionavam vários ajustes, cobrindo qualquer diferença com maquiagem, e assim eu passei a ter as orelhas de Stalin”, lembra Dadaev.
Depois de permanecer calado por mais de meio século, com medo de ser assassinado caso ousasse abrir a boca, finalmente em 2008, aos 88 anos, e com a aparente aprovação de Putin, Felixs Dadaiev apareceu em público e escreveu sua autobiografia, que hoje desapareceu como mágica de todos as livrarias, no mundo inteiro.
Contudo, ele disse que, nem mesmo no livro, pode contar tudo a respeito do que foi um dos maiores segredos envolvendo Stalin, com quem ele só se encontrou uma vez, e por poucos minutos.
Jornalista, fotógrafa e tradutora.