28 de março de 2024
Colunistas Ligia Cruz

Um gato no metrô de Nova York

Neste fim de semana li dois textos de fatos que ganharam muitos “likes” na web.

Foto: Google – Amo Meu Pet (meramente ilustrativa)

Um deles é o de um rapaz, em um trem do metrô nova-iorquino, que estava sentado com um gatinho bem pequeno no seu colo, envolto em um pedaço de cobertor ou similar. Na outra mão ele tinha uma micro-mamadeira, com leite, que estava tentando dar ao filhote.

Absorto em seus pensamentos e sentimentos, o rapaz nem percebeu que estava sendo clicado por outra passageira enternecida pela cena.

A foto revela exatamente o que ela capturou no seu celular: a emoção da generosidade que pouco se vê nas grandes cidades.

O jovem que resgatou o gatinho em meio às linhas do metrô e fez de si uma figura exemplar, talvez tenha se identificado com aquela criatura minúscula, ignorada pelos demais humanos da cidade. Logo começará o inverno, as temperaturas caem e as chances de sobrevivência diminuem para quem vive nas ruas.

A ternura do seu olhar para o gatinho não deixou a menor dúvida de que o pequeno felino terá a partir daquele momento um guardião. Ele acabara de encontrar um companheiro para amar. Pode-se até prever que o destino de ambos está selado para sempre.

Não se sabe nada do jovem, mas o pouco para entender que se trata de uma pessoa simples em meio ao motor turbulento da cidade, que se sentiu afeiçoado por alguém que, como ele, é sobrevivente. A foto passa tudo isso e a sorte que teve o filhotinho não precisa de legenda, a imagem basta.
A outra cena foi colhida aqui mesmo no Brasil, na cidade de Cubatão, cena capturada quando uma moça abaixada na calçada alimentava um cão.

Ela trabalha na loja em frente de onde o animal se postou. Estava dando sua marmita ao cão sem dono.

Esquálido e, certamente faminto, o animal deve ter sentido esperança no ser humano ao encontrar a jovem que lhe deu de comer.

O destino do cachorro é o mesmo de milhares de outros do país, que procriam nas ruas e geram outros iguais. Muitos são chutados, enxotados, mas mesmo assim esperam encontrar humanos que se apiedem do olhar sincero da dor do abandono. Aquele que não conta com a generosidade humana, não tem chances de sobreviver. Descobriu-se que a moça faz isso todos os dias.

Porque esse tipo de cena causa tanta comoção? Porque não somos exatamente exemplos de solidariedade, nem mesmo para com a nossa própria espécie.

Os animais, em uma enormidade de exemplos, fazem isso naturalmente.

Não importa se é ou não compatível.

Bicho adota bicho, mas nós não fazemos isso de forma desprendida porque não nos consideramos animais.

Diz-se que, quem ama animais é boa pessoa, tendo a crer que é. Me considero bicho também.

Ligia Maria Cruz

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

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