24 de abril de 2024
Colunistas JR Guzzo

Seis meses de gritaria na CPI, para isso?

Comissão, prometeu, durante meses a fio, que ia provar ladroagem grossa. Não entregou nada no relatório final.

À primeira vista, parece que há algum engano. À segunda vista também. Mas o fato é que a “CPI da Covid”, desde abril último o tema “número um” do noticiário nacional, do ambiente político e das forças que não suportam a existência física do governo Bolsonaro, chegou ao seu fim sem saber de quais crimes, exatamente, acusar o presidente da República.

Mas os acusadores não tiveram seis meses, milhões de reais de dinheiro público e poderes de Corte Suprema para fazer justamente isso? Tiveram, mas não foram capazes de atingir nem esta nota mínima de competência.

Ao fim, após torturadas idas e vindas de última hora, acabaram tirando da acusação o crime de “genocídio” – o mais patético da lista, algo que não seria levado a sério nem num centro acadêmico de faculdade de direito, muito menos num Tribunal Internacional como Haia.

Como assim, “genocídio”, se isso é expressamente definido na lei brasileira como a ação cometida, deliberadamente, para destruir “grupo nacional, étnico, racial ou religioso”? Se nem sobre uma barbaridade dessas os inquisidores conseguiram se entender, é óbvio que nada de bom se pode esperar do resto.

Relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros apresenta parecer final da comissão Foto: Gabriela Biló/Estadão

Bolsonaro é acusado, por exemplo, do crime de “epidemia” – que consiste, segundo está escrito da maneira mais clara possível no artigo 267 do Código Penal Brasileiro, em “causar epidemia mediante a propagação de germes patogênicos”.

O presidente da República pode ser um monstro incontrolável, como sustenta a CPI, mas não foi ele, realmente, quem trouxe o coronavírus para o Brasil, ou espalhou o bicho por aí.

Citam-se, também, os delitos de falta de planejamento, distribuição de cloroquina e até, quem diria, crimes contra a humanidade.

Estaria a CPI, nesse caso, acusando Bolsonaro de provocar mortes na Suécia ou na Mongólia Exterior? A conferir.

O relatório final da CPI, que na verdade não é exatamente final, ao longo de mais de 1.000 páginas, acusa o presidente de nove crimes diferentes; outras 66 também pessoas são denunciadas.

Mas não aparece, em todo esse tremendo papelório um único crime de corrupção – que é sempre o começo, meio e fim de qualquer investigação que se preze, em qualquer época, sobre qualquer governo.

A CPI, “prometeu, durante meses a fio, que iria provar a ladroagem grossa. Não entregou nada – nem tentou incluir, na base do chute, alguma acusação de roubalheira nos nove crimes que imputa a Bolsonaro. Tem até “crime contra a humanidade”, mas de roubo mesmo, que é bom, nada. Seis meses de gritaria, para isso? É pouco”. (Fonte: Estadão)

Os nove crimes restantes, “encontrados” pela CPI serão derrubados na simples denúncia que o MP, se o fizer, receberá. Faltam provas, evidências que impliquem “pessoalmente” o Presidente.

Ainda temos o que escrever, esperar e comentar…

J.R Guzzo

José Roberto Guzzo, mais conhecido como J.R. Guzzo, é um jornalista brasileiro, colunista dos jornais O Estado de São Paulo, Gazeta do Povo e da Revista Oeste, publicação da qual integra também o conselho editorial.

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José Roberto Guzzo, mais conhecido como J.R. Guzzo, é um jornalista brasileiro, colunista dos jornais O Estado de São Paulo, Gazeta do Povo e da Revista Oeste, publicação da qual integra também o conselho editorial.

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