Quem me conhece sabe como eu sou fã do Quentin: para mim, “Kill Bill”, senão é o maior, é um dos dez maiores filmes de todos os tempos.
Ponho Pulp Fiction nessa lista também.
Até recentemente, valia para Tarantino o que digo sobre Eric Clapton, Stephen King e os Rolling Stones: até quando é ruim é bom.
A qualidade desses caras citados faz com que mesmo seus trabalhos menos inspirados superem amplamente as realizações de outros grupos e escritores.
Isso foi verdade também para Tarantino, quando concebeu obras irregulares como Bastardos Inglórios ou Os Oito Odiados.
Porém, o filme novo, Era uma Vez em Hollywood é muito, mas muito ruim.
Sei que a crítica inteligentinha tem elogiado mas o fato é que o filme quase só tem atenuantes – não qualidades.
Para começar – é chato. Pode parecer incrível descrever um Tarantino assim, mas é. Chato pacas. Longo demais. Moroso. Longuíssimas e morosas cenas de passeios de carro, primorosamente recriando o cenário dos anos 60, mas… chato. Chato pacas.
Outra coisa. A música. Filme de Tarantino que se preza tem uma trilha sonora precisa, adequada e surpreendente. A música complementa as imagens à perfeição.
Em Era uma Vez em Hollywood, as musicas se acotovelam, numa barafunda frenética que faz com que nenhuma se destaque. É música DEMAIS, quase o tempo todo – por isso, nenhuma se destaca. Não há cenas memoráveis como o duelo com espadas samurai entre Oren Ishii e Beatrix Kiddo, num campo de neve, ao som do hino da disco music, Dont Let me Be Misundetstood, em Kill Bill.
As cenas de ação? Até para a tradicional violência estilizada de Tarantino, Era uma Vez em Hollywood peca – a violência é exagerada ao ponto do ridículo. Na cena final eu gargalhei – de tão bizarro.
O filme é longo e chato – ok, eu já falei isso. É só para reforçar.
As atenuantes?
Primeiro: constatar Leonardo Di Caprio e Brad Pitt dando show de interpretação. E observar também o envelhecimento de “galãs” como Pitt e Tom Cruise – sem que tenham sido substituídos no imaginário popular.
Segundo: o final. Sem spoilers, mas o final cumpre uma das possibilidades do cinema: corrigir a realidade. Passar a limpo.
É isso. Talvez Tarantino não tenha mais muito a dizer. Talvez seja injusto cobrar dele qualquer coisa depois de Kill Bill e Django Livre. Talvez.
Ah, eu disse que tinha UMA coisa boa no filme:
A cena abaixo: Margot Robbie, mostrando os pés na pose mais bonita de todos os tempos para mostrar pés.
Isso salvou o filme.
Professor e historiador como profissão – mas um cara que escreve com (o) paixão.