19 de abril de 2024
Colunistas Joseph Agamol

Reflexão sobre “amigos” virtuais


Descobri que não sou digno de ser amigo de algumas pessoas que estão na minha página.
E, por conseguinte, delas vou me retirar.
Sem drama, pessoal. Quando me excluo da lista de amigos de uma pessoa – o que é raro – não faço alarde. Nada de chamadas em letras garrafais, “VOU FAZER UMA LIMPA!”.
Não. Ninguém liga. Até porque os futuros ex-amigos e ex-amigas poderão ter o prazer duvidoso de continuar lendo as asnices que escrevo – uma vez que a maioria dos meus textos é pública.
Mas eu dizia que não sou digno. Explico.
Vez por outra aparecem aqui na minha página textos de pessoas que são, como direi, obcecadas por Bolsonaro. Mas obcecadas de forma negativa, se é que há obcecados positivos.
Mas o fato é que esse povo parece que respira Bolsonaro 24h por dia: e tome de malhar o Bolsonaro, em doses jumentíferas, em forma de memes, textinhos coloridos do Face, textões… às vezes, me ponho a acompanhar os comentários – e é aí que está o busílis da questão:
Me surpreendo ao ver amigos e amigas concordando com o teor das postagens.
Vejam bem: eu não me importo e obro solenemente se você fala mal do presidente. Se não gosta dele. Se o xinga. Se acha que o Bolseiro cospe quando fala, tem cecê, caspa na sobrancelha e pelos nas orelhinhas. Não ligo mesmo. Tanto se me dá.
Mas – e aí entra motivação desta postagem – estou ficando aborrecido de ser chamado de minion, de nazi, de fasci, de burro, asno, jegue, gado… enfim, todos os mimos que vocês, pessoas sem mácula, finos, elegantes e sinceros mais amô pufavô, reservam para os eleitores do Bolseiro.
Sim, porque pode parecer incrível para alguns de vocês, mas eu votei no cara – e estou meio cansado de ser insultado por tabela.
Pois vocês têm que decidir: ou eu sou o autor de crônicas, poemas e textos que vocês, por incrível que pareça, admiram ou eu sou o Nelore que votou no Bozo. Porque alguns de vocês vem na minha página e elogiam as sandices que escrevo. Eu, o Gado.
Sabem?
Eu não mereço estar na página de vocês. Sério. Todos vocês nunca foram senão príncipes – todos príncipes – na vida, como diz no “Poema em Linha Reta”, de Álvaro Campos.
Quanto a mim, só vacilo, cometo falhas, erro, peço desculpas, erro de novo. Eu sou aquele que enrola os pés nos tapetes das etiquetas, como diz no “Poema em Linha Reta”, de Fernando Pessoa.
Ah, você não sabe que Álvaro Campos e Fernando Pessoa são a mesma… pessoa?
Para um tantim de pensar no Bolseiro e vá ler um pouquim, vai.
Como diz um amigo meu, o Vilela: pfui.
Vocês não perdem nada. São todos príncipes.

Joseph Agamol

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

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