18 de abril de 2024
Joseph Agamol

Porque o brasileiro é, antes de tudo, um chato


Ontem terminou o BBB. Eu não acompanho. Fiquei sabendo porque pipocou aqui e ali pelo mundo virtual.
Mas não esperem que eu aqui vá fazer carga contra o Big Brother, tachando-o de programa emburrecedor ou algo assim, até porque assisto – e sou fã, viram? – de programas muito mais, digamos, toscos.
Já ouviram falar em “Bizarrices”? Não? É sobre o cotidiano de uma loja em Nova York que compra e vende objetos usados.
“Ah, tipo um ‘Trato Feito’,”, dirá o amigo leitor. Sim, tipo o Trato Feito – aliás, também assisto – , só que um Trato Feito onde os donos compram e vendem coisas como crânios de macaco, esculturas confeccionadas com pedaços de unhas humanas, camisas de força e cabeças encolhidas.
Sou tão fã que quando retorno à cidade vou lá visitar a loja. É adorável. Dei sorte uma vez de encontrar na rua o especialista em crânios, viu?
E “As Piores Prisões do Mundo”, amigos e vizinhos? Conhecem? É uma espécie de reality que mostra a vida no interior de presídios que fariam Alcatraz talvez parecer um cruzeiro do MSC. Aliás, passa hoje, às 22.04h, no Discovery. ‘Bora assistir?
Gosto pacas também de “Antigos Astronautas”, onde um superstar da Ufologia atual – Giorgio Tsoukalos – tenta nos provar que alienígenas visitaram a Terra em priscas eras. Até o Brasil teria sido objeto da atenção dos ET’s.
Você conhece Tsoukalos: é o figuraça aí da imagem. Virou até meme.
Então, eu não deixo de acompanhar o BBB brasileiro por uma suposta superioridade intelectual minha, já que consumo gostosamente toda essa produção de sabor um tanto duvidoso que citei.
Eu não acompanho o BBB pela mesma razão pela qual acredito que, se ET’s um dia visitaram o Brasil, hoje eles não colocariam de novo os pés – ou barbatanas, ou seja lá o que for que alienígenas usem para se locomover – por essas bandas:
O brasileiro tornou-se, irremediável, insuportável e insofismavelmente um chato.
É. Após duas décadas de governos de esquerda, o brasileiro entrou em um processo, talvez irreversível, de chatificacão.  Não vou nem falar da emburrecência, porque esse me parece já consolidado.
Mas o povo que projetava uma imagem de irreverência, picardia e – argh – malemolência parece ter ficado só na imagem do Zé Carioca naquele desenho Os Três Amigos, de Disney.
O BBB não me interessa porque, ao fim e ao cabo, as pessoas trancafiadas naquele zoo humano são tão chatas e desinteressantes quanto as que vejo aqui fora: atores e cantores, políticos e intelectuais, todos chatos.
Entediantes. Aborrecidos. Maçantes. Fastidiosos. Boring.
O Brasil é tão chato é previsível que, se Platão concebesse o Mito da Caverna pensando em nosso país, ele iria preferir ficar quietinho lá dentro, com seus livros, comida e Netflix. Assim como faço.
Será que o chato sou eu?
Joseph Agamol

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

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